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29 de abr. de 2013

A Teologia da Prosperidade


Olá irmãos umbandistas, como estão?

Hoje vamos falar sobre um tema interessante e que, ao menos para mim, parece árido e difícil de entender: a Teologia da Prosperidade.

A primeira vez que ouvi este termo foi durante um grupo de estudos espíritas que é ministrado no Centro Espírita Raio de Luz, em Itanhaém às sextas-feiras. Em meio às conversas este termo surgiu e atiçou a minha curiosidade. Fui buscar informações e mesmo assim demorei a compreender. Quem quiser aprender em uma fonte acessível (e por incrível que pareça, a menos complicada), veja no Wikipedia.

Em resumo, a Teologia da Prosperidade reza que Deus presenteia com fartura e riqueza quem tem fé Nele e cumpre com suas obrigações cristãs e é de bom tom que o cristão agradeça a boa vontade divina contribuindo com a igreja e sua obra. Na visão destes teólogos, ser rico não é problema, é sinal de aprovação de Deus e você deve agradecer compartilhando sua fortuna com a igreja.

Eu só consegui entender por completo o cerne desta questão quando, por acaso, assisti pela TV a um culto do Pastor R. R. Soares. O pastor estava fazendo o merchandising de sua TV a cabo durante o culto e começou a contar a história de uma mulher que ele conheceu enquanto ministrava um curso no Rio de Janeiro. O depoimento foi mais ou menos assim:

"A moça era uma lavadeira, tinha quatro filhos e um marido ébrio. Mal tinham o que comer em casa. Analfabeta, a coitada recorreu a Cristo e após dois meses em meu curso no Rio ela encontrou uma amiga e disse 'Deus me abençoou! Se você chegar lá em casa vai encontrar comida na panela, TV a cabo e geladeira cheia. Continuo sem saber a diferença entre o A e o Z, mas o sapato que eu quero eu tenho, a roupa que eu quero eu compro.'"

Este é o exemplo mais caro desta teologia. Você tem fé e Deus lhe recompensa com dinheiro, você agradece com dinheiro também na expectativa de ganhar ainda mais para poder ter tudo de material que você desejar. É um contrato divino. Não julgarei, cada religião com seu pensamento.

Mas na Umbanda, ao menos nos terreiros que conheço, pensamos diferente, pois sabemos que este mundo é apenas para uma transição. Aqui estamos para aprender e passarmos provações, estamos aqui para servirmos de instrumento divino através da prática da caridade. Pouco nos importa o tamanho de nossas contas bancárias. Claro que seria bom ter muito dinheiro na conta e ter conforto na vida, mas isso se faz trabalhando e não por milagre. A Umbanda me cativa justamente por pregar o desapego pelo material, por pregar o aprendizado que vem através do esforço. Na Umbanda os agradecimentos devem ser feitos em forma de sorrisos e preces, jamais com dinheiro. Nossos Orixás não ligam para isso.

16 de abr. de 2013

A número Pi e a indivisibilidade da alma

 
 
Olá povo umbandista, como vão?

Acho que já disse por aqui que eu sou um sujeito muito racional e cartesiano. Tenho em mim a "chatice"e o jeito metódico dos filhos de Oxossi (o nosso irmão Rafael Arruda é a exceção à esta regra, que fique claro). E é neste clima de extrema racionalidade que dissertarei com vocês hoje.

O último livro que li foi "O Pacto", de Joe Hill. É um livro de ficção com enredo bem fantasioso, mas um trecho me chamou a atenção. Segue:

"A destruição da alma é uma impossibilidade matemática.A alma não pode ser destruída. A alma é eterna. Como o número Pi, ela não tem fim e nem conclusão. Como o Pi, ela é uma constante. Pi é um número irracional, impossível de ser fracionado. A alma também é uma equação irracional e indivisível que expressa perfeitamente uma coisa: você".

Achei esta comparação entre a alma e o número Pi (3,141592... veja a explicação completa aqui) inteligentíssima! Ela explica a individualidade do ser enquanto nos dá uma boa dimensão de nossa importância no universo e também da complexidade da alma.

Os físicos e matemáticos vem se esforçando há séculos para explicar a vida de forma lógica através dos números e este paralelo traçado pelo autor tornou tudo mais tangível. Somo únicos e indivisíveis, contudo se somados mudamos completamente nossas variáveis e nos tornamos capazes de feitos impensáveis. Somos racionalmente imprevisíveis.

Portanto, meus irmãos, somem sempre. Multipliquem o que tem de melhor e sejam felizes!

Concordam? Discordam? O que acham?

Axé!

8 de abr. de 2013

Ritual de funeral, enterro ou cremação na Umbanda: é realmente necessário?


Olá filhos de umbanda, como estão?

Semana passada eu perguntei em nossa página do Facebook sobre o que vocês gostariam de ler hoje e a resposta quase unânime foi sobre funeral, enterro e cremação de umbandistas. Mas vou deixar claro que este artigo não pretende ensinar rituais a ninguém, muito menos passar verdade absolutas. Este é um blog de opinião, só isso.

O funeral é uma cerimônia de despedida na qual o corpo é exposto para que os parentes e amigos prestem suas últimas homenagens ao falecido. Eu acho uma atitude louvável, embora a máxima do "depois que morra é que a gente reconhece" impere nestes momentos. Para dar mais peso teórico a este texto eu decidi pesquisar sobre o tema, mas 90% dos resultados são cópias de um livro que se posiciona como manual de Umbanda.

Resumindo, o livro reza que o corpo deve ser cruzado com ervas e pemba, deve ser defumado e consagrado. Após isso vem as orações e cânticos, seguidas pela bênção no túmulo. Há também a crença de que a doutrina espírita proíbe a cremação, afirmando que o corpo deve ser enterrado obrigatoriamente.

Quem acompanha este blog sabe que eu defendo uma Umbanda mais questionadora e alheia à maioria dos rituais que vejo empregados em muitas casas. Ao ler sobre este tema eu começo a questionar principalmente sobre o que importa a nós espíritas. Não é o espírito que mais nos importa? Não somos espíritos envoltos de um aparelho de carne e osso? A resposta é: sim, o que importa à doutrina espírita é a alma da pessoa e sua evolução através da caridade.

Qual a influência da massa morta sobre o espírito desencarnado que já está em outro plano?
Nenhuma. O corpo influencia enquanto está ligado ao espírito, as causas da morte podem imprimis na alma dores terríveis, mas após o desencarne a matéria perde seu valor, tornando-se apenas material orgânico em decomposição que pode ser cremado, enterrado, doado à ciência, empalhado, embalsamado...

Dedicar uma gira à pessoa desencarnada, entoar pontos para seus orixás e fazer muita oração é plenamente aceitável. Mas consagrar o túmulo e o corpo são rituais dispensáveis se analisarmos de um ponto de vista mais prático e objetivo. Se concentrarmos esse tempo, energia e disposição aos encarnados, os resultados serão muito mais recompensadores.

Axé!


3 de abr. de 2013

Lendas e Parábolas: O Orgulho de Xangô



Bom tarde caros leitores.. 


Quaresma já encerrada e agora assim começamos 2013.

Já repararam que praticamente todo o evangelho deixado por Jesus foi dito em forma de parábolas ? 

Mas porque ele pregava dessa forma ? Não seria mais fácil i direto ao assunto ? 

Bom, naquela época todo aquele conhecimento e doutrina eram muitos novos, eram idéias digamos numa referencia contextual "iluministas" e sua digestão pelo povo, caso fosse dado de forma direta e clara não seria eficiente. 

O porque de a figueira secar, de transporta montanhas não seria tão enfática caso fosse falado:

"Se você não for produtivo não terá nada, se não tiver fé não conseguira nada"

Bom as vamos ao assunto. Muitos de vocês devem conhecer algumas lendas (itans) em que nossos Orixás são protagonistas de uma história, ora de guerra, ora de ciúmes, de paz, de amor, de romance. Sentimentos e situações puramente humanos em que eles, cada um com sua natureza, vivenciou tomando um rumo e um desfecho de sua história como Orixá. 

Mas qual a relação disso com as parábolas ?

Bom, agora sim tudo começa a ficar mais interessante. 

Nume breve e resumida lenda de Xangô, diz que o rei de Oyo, estava no alto das montanhas testando seus poderes, a voz de Xangô era o próprio trovão. 

Ele desafiava tais fenômenos evocando cada vez mais seus raios e trovões, cada vez mais intensos e poderoso, rasgavam o céus e estremeciam toda a terra. A sede por esse controle se tornou insaciável. 

Xangô estava deslumbrado com o poder que obtinha, seu orgulho por aquilo era amedrontador, quanto mais alto o trovão ecoava, maior era seu desafio para com a natureza, a vaidade já havia o coberto cegando sua razão fazendo a terra vivenciar a mais violenta das tempestades. 

Quando num breve suspiro Xangô parou, viu que a sua aldeia estava completamente destruída e em chamas, ao ver a desgraça que havia causado por sua vaidade ele se enforca numa gameleira, retornando a vida depois com a misericórdia de Iansã sua esposa.

Esse é um itan lindo que todos deveriam conhecer, resumidamente em sua síntese ele é assim.

As lendas e contos dos nossos Orixás, não deixam de ser de certa forma uma forma de parábola que fundamentam muitos preceitos da religião e nos orientam quanto nossa conduto e comportamento. 

Um dos aspectos mais notáveis dos filhos de Xangô, são sua pré disposição ao orgulho e ao enobrecimento do seu ego, o qual pudemos ver na lenda. Esse é o mesmo sentimento que nós humanos possuímos em muitas situações da vida e que em quase todas, nos abalam e nos desestruturam, assim como destruiu a aldeia de Xangô. Começamos então a compreender a relação das lendas com as parábolas. 

São ensinamentos que na época em que eram difundidos precisavam ser passados nessa linguagem, nessa forma, pelo contexto em que o homem estava situado, a localização e seu grau de compreensão quanto as coisas do mundo. Os ensinamentos contidos em cada lenda de um Orixá, em cada parábola deixada pelo mestre Jesus de nada importam como foram passados, se foi na linguagem metafórica, figurativa ou literal, o que vale mesmo são sempre as entre-linhas.

Começamos hoje então mais uma sessão continua no blog. 

Lendas e Parábolas

Para quem quiser conhecer a lenda na integra, clique aqui

Que meu pai Oxóssi abençoe a todos. 


1 de abr. de 2013

A quaresma umbandista

A quaresma é a mesma para os umbandistas e católicos?
Olá umbandistas, como estão?

Ontem foi domingo de Páscoa, todos comeram chocolate em barra ou em forma de ovos, almoçaram com suas famílias e ficaram em um respeitoso clima de harmonia, certo? Talvez. Para a uma parte dos cristãos e para a maioria dos católicos, sim. Por este é o período que simboliza o final da agonia de Jesus, após sua peregrinação pelo deserto, tortura na Via Crucis, crucificação e volta à vida. Para quem não está familiarizado com a história, estamos falando da Quaresma, os 40 dias entre a quarta-feira de cinzas e o domingo de páscoa. É simbolicamente louvável.

Se este é um comportamento tipicamente católico, por que na Umbanda há esse recesso de quaresma?
Eu já disse por aqui inúmeras vezes, mais claramente no testo intitulado "A Nuvem" que a beleza da Umbanda está em sua característica heterogênea, ou seja, por cada terreiro ser único em sua doutrina e costumes, mas mesmo assim sustentar os traços comuns aos demais centros umbandistas. Uma dessas características únicas é a pausa (ou não!) no período de quaresma, nem todos os terreiros cessam suas atividades nesta época, vai da orientação astral de cada casa. Há as que pausam suas atividades, outras trabalham normalmente e também há templos - como o que eu dirijo - que executam apenas giras de esquerda.

Se é tudo Umbanda, por que esta diferença de ritualística?
Simplesmente dizer que isto é normal da Umbanda, que a coisa é assim mesmo, não seria suficiente. Mas partindo desta realidade dá para concluirmos que essa casas são singulares entre si porque atuam em campos diferentes da espiritualidade: uns mais com cura, outros com desobsessão, quebra de demanda ou baixa magia, energização etc. E há campos vibratórios mais que ficam mais sensíveis durante o período da quaresma.

Por que?
Por causa das pessoas, principalmente. Este período de semi-luto no qual todos nos contagiamos cria entre os seres uma aura especialmente triste. E ambientes de aura densa como este minam nossas defesas espirituais, criam um certo ruído na comunicação com os planos mais puros da espiritualidade e favorecem a ação de espíritos de energia mais pesada como Eguns (não confundam com Egun de Candomblé, okay?), Kiumbas e - felizmente - Exús, Pombagiras e Exús-mirins. A casa que dirijo, por exemplo, lida muito com a cura de obsessão e quebra de magia, ou seja, batemos de frente com energias e interesses muito pesados do astral, por isso o chefe da casa, Sr. Xangô Sete Cachoeiras, julgou melhor que pausássemos os trabalhos neste período. E foi neste momento que o Sr. Exú Rei das Sete Encruzilhadas, guardião-chefe de nossa linha de esquerda, interveio e solicitou ao chefe da casa que cedesse este período aos Exús e Pombagiras para o desenvolvimento da linha e proteção da casa e filhos.

E como se portar antes, durante e depois da quaresma?
Aja sempre com a mesma fé e respeito pelos orixás, entidades do astral e irmãos terrenos, não importando o período em que você está. Quaresma ou não. Mas como vimos aqui que este período é delicado, sempre vale a pena "pecar"pelo excesso de zelo consigo, com sua coroa e com seu templo. Em minha casa os Orixás recomendam andar sempre com sua guia de proteção, acender suas velas ao Anjo-da-Guarda e fazer suas preces. Porém, repito que cada templo possui suas regras que foram inspiradas pela sabedoria dos Orixás mentores de cada casa e devem ser seguidas com todo carinho e respeito.

Muito axé a todos!