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30 de jul. de 2012

Na Umbanda ninguém é especial



Olá amigos, semana passada falamos sobre vaidade, missão e a obra. Hoje seguiremos falando um pouco mais sobre obra, ou seja, sobre o templo, a união umbandista.

Um templo não é simplesmente um edifício, um salão, ele é resultado da união de todos os membros em prol de um bem maior. Um terreiro é um organismo vivo! É composto de pessoas que buscam a paz e o conhecimento de como replicar a bondade por sobre a terra, não há protagonistas na obra. Não existem pessoas insubistítuíveis num terreiro, nem mesmo seus dirigentes. A obra por si progride independentemente das pessoas presentes, por mais que estas pareçam necessárias.

Vou dar-lhes um exemplo prático que me ocorreu neste último sábado: fizemos a nossa festa de exú em Itanhaém, local onde se estabalece o templo que ajudo a dirigir. Infelizmente dois dos três dirigentes da casa não puderam comparecer, mas isso não impediu a festa de ser realizada, como também não a impediu de ser - em minha modesta opinião - a melhor festa de exú que já participei, superando em muito a do ano passado que eu já havia considerado belíssima.

Vocês sabem porque eu considerei esta a mais bela mesmo sem dois dos médiuns mais completos de nossa corrente? Por alguns simples motivos como a união e o fervor dos membros presentes que se desdobraram para darem conta do recado, pela firmeza de cabeça que todos tiveram durante o descarrego, pela paz com que todos saíram do templo e pela objetividade com que as coisas se deram. Eu sei que todos os ausentes estavam presentes em pensamento, orando por nós. Seus guias estavam lá também, por isso os saudei com fevor, porque sei que os grandes feitos de uma gira acontecem num plano em que nossos olhos não alcançam.

Sei também que se um dia eu não puder estar presente, como já aconteceu várias vezes, todos os presentes farão uma bela sessão desde que estjam alinhados com o propósito da casa e da Umbanda. Desde que tenham desprendimento e simplicidade, pois na Umbanda ninguém é especial e ninguém é insubstituível. 

O valor não está em quem faz, mas sim no que é feito. Axé e uma ótima semana.

23 de jul. de 2012

Perguntas e respostas sobre a Obra, Missão e Vaidade.


Bom dia amigos, como vão? Vocês sempre lêem aqui sobre obra e missão, mas eu me pergunto se eu estou sendo realmente claro quando utilizo estes termos. Eu estou?

O que é essa missão?
Missão nada mais é do que um comprmisso em cumprir uma determinada tarefa. No caso do umbandista a nossa missão é fazer a caridade e ensinar a fé e o amor a Deus, aos Orixás e ao próximo. Como espíritas, nossa missão também compreende o desapego das más tendências como o ódio, vícios da carne, inveja, vaidade etc.

E a obra, o que é?
a obra é a união de todas as missões e, por lógica, de seus missionários (não confunda com um missionário pentecostal como R. R. Soares e outros, no caso da umbanda missionário são todos que sabem de sua missão). Em outras palavras a obra é o terreiro.

Mas o terreiro não é um templo?
Se limitarmos a nossa visão, sim o terreiro é apenas uma edificação que pode ser chamada de templo, tenda, casa, roça, aldeia etc. Só que o propósito deste blog é abrir as mentes das pessoas, por isso entenda a imaterialidade da Casa Umbandista, um terreiro é a união de pessoas como irmãos de fé (espiritualidade), livres de suas relações maritais, de pai e filho ou de patrão e empregado. Lá somos todos frutos da mesma fonte (Deus, Zambi, Olorum, Oxalá) e estamos lá com único propósito: cumprir nossa missão enquanto conscientizamos outras pessoas de suas respectivas missões.

Se somos todos irmãos e frutos da mesma fonte, por que há Pais e Mães de Santo?
Os pais em um terreiro nada mais são do que pessoas mais experientes as quais os Orixás Superiores depositaram certa confiança para que eles conduzam os demais irmãos no rumo certo. Pais e Mães de Santo não são perfeitos, vão aprendendo a cada dia e são passíveis de cair nas mesmas armadilhas da vida que todos os filhos, contudo possuem visão mais aguçada espiritualidade e conseguem assim evitar com mais facilidade alguns defeitos que podem derrubar uma casa.

E quais defeitos são esses?
A falta de desprendimento e principalmente a vaidade. Há muitos outros, mas classifiquei estes como os mais nocivos porque a falta de desprendimento faz com que a pessoa confunda outras faces da vida - como a cotidiana, amizades, emprego, família, esposa e filhos - com a cena espiritual. Não raro temos de receber desafetos em nossa casa e é nossa obrigação tratá-los com o mesmo amor que damos aos demais. Já a vaidade é, segundo o Senhor Marabô, "Uma praga traiçoeira que rasteja no escuro e te paga pelos calcanhares e antes que você se dê conta, ela já está na sua cabeça". Aí você passa a se achar mais especial do que é, perde fo foco na obra e na missão e não raro começa a se enfeitar da cabeça aos pés ao ponto da forma ter mais destaque que o conteúdo.

E o que acontece com pessoas assim?
Nós as alertamos do que está acontecendo, mas a Umbanda é feita de simplicidade e quando a vaidade se apresenta o templo reage naturalmente como um organismo reage a um vírus. O resultado é um desconforto sentido por todos e o vaidoso acaba se corrigindo sozinho ou termina por sair e procurar um novo rumo.

E o que você recomenda para os leitores poderem trilhar bem sua jornada na Umbanda.
Fé em Deus e na obra, foco na missão, simplicidade e bom senso. E lembre-se: Não se envaideça, vocês não são especiais sozinhos, são lindos quando vibram em conjuntos, todos iguais.

Axé e ótima semana!

PS: um lembrete!

16 de jul. de 2012

Você gostaria de ser Pai ou Mãe de Santo?

       Vale mesmo a pena se tornar um Pai ou Mãe de Santo?                                                                                                                  

Olá amigos, como vão? Semana passada eu estava de conversa com um filho (e amigo) sobre a nossa Festa de Nanã Buruquê, que aconteceu no último dia 7/7 sob muito frio e chuva. Falávamos sobre a energia que circulava no ambiente, como todos estavam feliz e cooperando e embora estivéssemos quase sem assistidos, dava para sentir a caridade sendo feita nos planos invisíveis. Ele me disse que na noite seguinte sonhou com o Sr. Zé Pelintra, que este lhe havia dado conselhos para que escutasse seu avô (que tem mais de 60 anos de Umbanda), ao Pai Peninha e a mim. Foi então que ele me disse: "Sabe Cláudio, eu adoraria chefiar uma casa. Acho que se algum dia eu tiver a oportunidade de escolher, aceitarei numa boa".

Fiquei contente em ouvir aquela declaração, ainda mais vindo de uma jovem com tanto amor e fé nos Orixás, mas dediquei aquele momento a explicar-lhe que ser dirigente espiritual é uma grande bênção com jeito de fardo. Você é escolhido pelos Orixás para cuidar da espiritualidade de um sem-número de pessoas, há vezes gente que você não tem a menor afinidade fora do templo está lá sob os seus cuidados e você tem que se doar a elas tal qual seus pai biológicos se doam a você. Ser Pai é um exercício de paciência, principalmente para os casos (comuns) em que os filhos não se dão, paciência para não cobrar deles a sabedoria que você tem hoje, porque um dia você também foi filho e já se deixou levar pelos impulsos.

Me lembrei de uma das minhas primeiras conversas com uma entidade de Umbanda. Estávamos na praia, numa noite de lua clara e ele me disse: "Sua missão é herdar esta casa e cuidar dela até que o próximo esteja pronto para herdá-la de você". naquele momento eu me senti "o futuro pai de santo", disse a mim mesmo que aquele terreiro seria meu. Ledo engano... o terreiro não é meu, nada ali pertence a pessoa alguma. Um terreiro é mais que uma casa, é o resultado da união de várias pessoas guiadas a um único propósito: espalhar a caridade pela terra. Por isso a Umbanda segue independentemente de quem chefie seus templos, somos apenas pessoas ali. Eu sou apenas mais um, alguém que os Orixás olharam e julgaram apto a conduzir a obra durante um determinado tempo até que outras pessoas surgissem para dar sequência ao plano divino quando eu não mais suportar o peso da minha missão.

Ser escolhido não me torna especial ou superior aos demais irmãos, sou humano como todos eles, mas que nos fique claro que na Umbanda não há plano de carreira, o fato de entrar para um terreiro não significa que depois de X anos você se formará Pai ou Mãe de Santo ou que eu depois de os mesmos X anos como pai vou me tornar um Babalorixá (grau superior ao de Pai). Sinceramente eu não tenho a mínima pretensão disso.

Pensando nisso que eu disse, por favor me respondam: Vocês tem a pretensão de se tornarem zeladores espirituais? Realmente vale a pena?

Axé e ótima semana.

P.S.: Sabe o que realmente vale a pena? Terminar a gira e ver que todos estão felizes e ávidos pelos próximos trabalhos.

2 de jul. de 2012

Como Zé Pelintra me ensinou a não odiar


Olá amigos, como vão? Há pouco mais de um mês nós estávamos em Itanhaém realizando mais uma festa de pretos velhos e lá, mais uma vez, tudo correu muito bem. Foi tudo muito lindo.

Só que no dia seguinte eu soube que o Sr. Zé Pelintra ficou de visitar um de nossos filhos que passava por um momento de profunda angústia e eu jamais me oporia a uma determinação de um Orixás, posto que estas manifestações fora do templo não são corriqueiras, logo o assunto é sempre muito sério.

Já era tarde da noite quando ele foi embora depois de horas daqueles diálogos em que o ZP faz com que as pessoas encontrem em si a verdadeira força, a semente que Deus plantou em cada um. Nós - Pai Anderson, sua esposa e duas filhas de colo e eu - ainda te'riamos de enfrentar algumas horas de estrada e cansaço até chegarmos em casa. foi quando iniciou-se o diálogo entre o Zé e o Pai Anderson:

Pai Anderson: Pai, vai com a gente no carro né? a coisa tá ficando feia..
Zé Pelintra: E você acha que eu não vou?

Uma hora depois nós já estávamos na estrada cantando pontos do Seu Zé, batucando ao volante, chapéu de fita vermelha na cabeça e guia no pescoço e o pneu estourou. Parque das bandeiras em São Vicente, o pior lugar do mundo para seu pneu estourar às 23:00h. Dois minutos depois fomos abordados por dois homens armados que queriam carteiras e celulares. Estavam visivelmente alterados por drogas e coisas assim, mas em compensação todos do carro foram tomados de uma calma impressionante quando um dos marginais viu que havia duas crianças no carro e disse: "Vão embora, só vou aliviar para vocês por causa da mulher e dos seus filhos". Se virou e desapareceu.

Minha reação naquele momento foi dizer-lhe olhando nos olhos: "Irmão, vai com Deus"

Eu não tinha ódio no coração, não queria mal algum ao rapaz e nem me importei com o celular que ele roubou. Eu queria paz, queria estar em casa, queria que todos os envolvidos nessa história ficassem bem. Queria deitar em minha cama e agradecer a Deus e ao Seu zé pela lição, por me permitir este momento de agonia para que eu pudesse aprender com isso e me livrar do impulso ao ódio.

E eu consegui. Apesar dos pesares, todos ficaram bem. Graças a Deus e ao Sr. José Pelintra!

Axé.