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14 de abr. de 2018

De onde vem os meus guias? Parte 1: o que é uma entidade de Umbanda

Após 15 anos me desenvolvendo na Umbanda, dos quais 8 foram na dianteira do terreiro, pude ver muitas coisas lindas, emocionantes e curiosas, algumas histórias, entretanto, se repetem de geração em geração. Aconteceram com meus zeladores, comigo e vi ocorrer com todos os meus filhos. Um destes fatos é a boa e velha pergunta "Qual é o nome do Guia que vem em mim? Qual sua história?".

Todo médium umbandista teve ou tem essa curiosidade, o que é normal, uma vez que criamos uma relação tão íntima com essas entidades, tendo com elas um amor de filho, pai, irmão e melhor amigo, e queremos saber tudo sobre estes seres que tão bem nos fazem. A dica infalível para estes casos é: se você tem essa curiosidade, pergunte ao Guia. Se ele puder lhe falar, não vai negar essa conversa. Na Umbanda não há segredos!

A questão que queremos abordar aqui é mais ampla: de onde vem, de modo geral, os guias que incorporam na gente?

Antes de pensarmos nesta resposta, lembrem-se de que uma entidade da Umbanda, aquela que incorpora em você, não é um Orixá, okay? Uma entidade (guia, mentor, espírito) é alguém que já viveu entre nós, que tem uma história neste mundo e evoluiu através da prática da caridade, ao ponto de não precisar vivenciar novamente a experiência neste plano, por isso se vale de nós médiuns para fazer a ponte entre o plano espiritual e o nosso.

"Ah, então é a mesma coisa que no kardecismo?" É sim! Vale lembrar que a Umbanda é uma religião brasileira, com fundamentos euro-afro-brasileiros.

  • Euro: a base do kardecismo está aqui, com o objetivo da reforma íntima e da evolução do espírito na Eternidade através do conhecimento e da caridade. Como disse Jesus Cristo, "fora da caridade não há salvação". E por falar Nele, a Umbanda é uma religião cristã sim, e com apego à liturgia católica, vide as imagens, sincretismo, rito de defumação, disposição dos elementos no salão etc.
  • Afro: o culto adaptado a uma pequena porção de Orixás (porque se somarmos todo o panteão de todas as nações africanas, teremos milhares de divindades), o ato de oferendar e dar demonstrações de serventia ao Divino (atos como os preceitos, banhos e afins). NÂO confunda Umbanda e Candomblé, tudo bem? Candomblé é uma religião maravilhosa, mas muito diferente da nossa.
  • Brasileira: aqui temos a presença e influência de cultos originais de nossa terra, como Catimbó, Jurema, ritos indígenas e de povos genuinamente tupiniquins, como os índios, baianos, boiadeiros. Em minha opinião, o Brasil contribui com a Umbanda fundamentalmente por ser agregador, por ser aberto às crenças, raças, experiências e vivências de todo o mundo.
A Umbanda por natureza é espírita, cristã, ancestral e agregadora. Por conta disso, seus trabalhadores (médiuns e espíritos) devem carregar consigo estas mesmas características. Nossos mentores já caminharam pelo mesmo chão que a gente. Um Preto Velho no terreiro pode ter sido um poeta em alguma vida, um Exu pode ter encarnado como advogado e por aí vai. Os Guias não brotam do Infinito com a sabedoria que tem hoje.

E você poderá vir numa linha de baianos daqui alguns anos. Quem sabe?

Axé!