Orixás. Leio e releio as lendas da criação segundo a crença africana, cheia de histórias e passagens belas e animadas sobre a vida dos orixás, seus feitos, virtudes e defeitos. São ótimas parábolas que sempre passam valores como a batalha, a humildade e coragem, mas certo dia assisti ao programa "Mojubá" do Canal Futura no episódio que tratava do sincretismo entre as divindades Nagô e os santos católicos. Explicações belíssimas, separando as origens, dando exemplos claros, até que um rapaz diz que Iansã não é Santa Bárbara até aí tudo certo - até porque Iansã viveu há 2.500 anos atrás em algum lugar da África e começou a dar detalhes precisos como se a conhecesse mesmo. É levar as lendas muito ao pé da letra.
A etimologia da palavra Orixá quer dizer energia de cabeça, ou seja, a vibração das forças naturais inerentes a tudo o que existe, vibrando em nossas cabeças. Simples. Tudo na vida emana energia, assim como a energia Iansã vibra através dos ventos, Xangô nas pedras, Oxossi nas matas e Iemanjá no mar. Orixá é imaterial e atemporal, existe desde que o tempo é tempo, o que vemos e "recebemos" no templo são seus caboclos - espíritos de pessoas que trabalham na faixa vibratória de cada Orixá. Nada mais.
As lendas surgiram para facilitar a compreensão dos tribais africanos na época, aproximando-os da espiritualidade e tornando os Orixás mais comuns a eles. Daí nasceram os rituais às divindades que na maioria das vezes derivam de festividades dos próprios tribais. Um bom exemplo? Se quiser presentear um nigeriano, dê a ele um bode morto na hora, ou uma galinha ou o que você tiver de melhor. Há milênios o que havia de mais rico para os tribais era comida. Comida viva, diga-se de passagem. São coisas materiais que aproximam a consciência humana da noção do divino, por isso nos templos de umbanda usam-se imagens e velas coloridas, para criar em nossa mente a representação do santificado. Velas coloridas nos lembram do Orixá ao qual rogamos e assim assumimos nossa posição de crente em sua força, mas na verdade sequer necessitamos delas sendo que a verdadeira chama deve ser acesa dentro de cada um.
Podemos acreditar naquilo que não vemos, mas jamais acreditaremos no que sequer podemos imaginar.