Caridade é a fé e o amorem movimento em prol do próximo |
Olá povo umbandista, como estão?
Hoje será a minha vez de relatar um aconteceu comigo. Foi uma experiência encantadora...
Costumo dizer a todos que fora do terreiro sou uma pedra em matéria de mediunidade, mas acho que depois do ocorrido que relatarei aqui eu descobri o porquê deste "insensibilidade" fora da gira.
Eu já havia escrito aqui no blog sobre a fé de meu pai e sua relação com Dr. Zé Pelintra e hoje darei sequência a este tema. Meu pai é um homem de muita fé - talvez o sujeito de maior fé que já conheci - nos Orixás, na Umbanda e em especial no Seu Zé, que é seu padrinho. Ele também é um homem de criação severa, embora seja a simpatia em pessoa eu nunca o vi deixando aflorar seus sentimentos mais sutis, nunca o vi emocional. raras foram as vezes em que o vi no limiar do choro, segurando as lágrimas.
Não escondi de ninguém a minha tristeza neste fim de Janeiro que quase me levou a desistir de minha missão e minha recuperação depois desta provação, mas o grande aprendizado eu tive em nossa festa de baianos, pouco mais de duas semanas atrás, quando estávamos só meu pai e eu no templo, ambos de branco, ele sentado e eu apertando o couro do atabaque e ele me contou o que lhe aconteceu dias antes. Nas palavras de meu pai:
"Filho, essa semana eu precisava pagar a conta de luz antes que a cortassem e decidi sair para vender os produtos de limpeza. Me enfiei nas estradinhas de Itarirí, passei em uns pesqueiros e consegui fazer o dinheiro que necessitava. Na volta estava chovendo e eu passei por um casal com uma criança no colo, do outro lado da estrada. Uns metros adiante eu ouvi o Seu Zé Pelintra me dizer 'Vai deixar seus irmão ali abandonados precisando de ajuda? Trate de voltar e lhe estender a mão'. achei que era coisa da minha cabeça, mas a agonia apertava a cada quilômetro até que resolvi voltar. Parei na frente deles e ofereci carona, eles estavam indo para o hospital da cidade porque seu filho estava febril há dias. O rapaz, de mãos calejadas e rosto sofrido de um agricultor viu a guia preta no retrovisor e perguntou qual a minha religião e eu lhe respondi que sou umbandista, ele respondeu 'Que bênção! Bem que o Sr. Zé Pelintra me disse que era pra eu pedir por ele nos momentos de maior aflição que ele mandaria um filho para me ajudar e na hora em que o senhor parou eu estava orando para ele'. Naquela hora eu disse que sou afilhado do Seu Zé e que havia ouvido o recado do padrinho para ajudá-lo. Ele me disse que também é afilhado dele! Assim que os deixei no hospital e voltei ao carro eu ouvi aquela voz novamente 'Que diaxo de filho meu você é que só faz a caridade na ida? Por acaso sabe se eles tem como voltar?', voltei até o rapaz e estendi a mão com um pouco do dinheiro que fiz mais cedo e disse que era para a volta e para o lanche, ele responde, emocionado, 'Seu Pepe o senhor já fez demais por nós, mas vou aceitar o dinheiro porque tentamos carona com dois ônibus e fomos negados, agora podemos voltar pra casa'. No caminho para cá eu senti uma paz que jamais tinha sentido na minha vida".
Ao terminar a história eu vi, pela primeira vez na minha vida, meu pai chorando quase que copiosamente. suas lágrimas escorriam por seu rosto queimado do sol e paravam no colarinho de sua camisa, molhando-o enquanto ele soluçava e tentava se conter.
Eu fiquei ali admirado com as lições que a vida nos dá. Como tudo se encaixa, como a caridade é maior do que quem a executa ou recebe, ela deixa um legado, uma lição a ser compreendida e repassada. Lição de humildade, de saber receber tudo o que a vida nos dá e usar para o bem do próximo, lição de que um terreiro é uma escola e que lá aprendemos para aplicar na vida. A Umbanda está em todos os lugares, principalmente fora do templo.
A minha lição de mediúnica foi que minha mediunidade se apaga fora da gira para que eu aprenda sobre a vida independentemente da sensibilidade advinda do meu dom. Assim, do jeito mais difícil e gratificante, eu consigo ouvir melhor o que as pessoas dizem, sentir melhor o que se passa ao meu redor e, por lógica, darei mais valor a tudo.
Pessoas são capazes de feitos maravilhosos. Se dão ouvidos aos seus guias protetores então... não há limites!
Axé, paz e luz a todos!
Ótimo texto.
ResponderExcluirFaz refletirmos e aumentarmos nossa fé e outras maravilhas que nossa querida Umbanda nos ensina e principalmente sermos Humildes, Humanos e ajudar quem tem mais necessidade do que nós.
E também cada fez mais termos total certeza de que todos os nossos orixás estão presentes em nossa vida.
Para nos mostrar o caminho onde tem gente precisando de nossa ajuda.
Axé.