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26 de nov. de 2012

O futuro da mediunidade

Não é mais necessário fazer milagre ou estar inconsciente para comprovar que está incorporado. Basta a união e a entrega.
 Olá irmãos, como vão? Estão gostando de nossos textos sobre médiuns conscientes? Hoje falaremos sobre o futuro da mediunidade consciente.


Duas perguntas pertinentes:

Então é melhor ser médium consciente? Não necessariamente, pois ser médium inconsciente também tem suas vantagens e seus tipos de aprendizado.

Os médiuns inconscientes estão em extinção? De novo, não necessariamente. Já aprendemos que a inconsciência é situacional, então ora você está com a percepção elevada, ora não.

A última questão nos abre espaço para falar sobre o que está por vir em matéria de níveis de consciência na incorporação. Há uma centena de anos, quando a Umbanda estava surgindo e há várias centenas de anos, quando o Kardecismo tentava se firmar na Europa e no Brasil, havia a necessidade de reafirmar a fé, até pelo momento evolutivo das pessoas, que tinham a necessidade de tangibilizar as coisas para afirmá-las como reais. Por isso faziam-se muitas materializaçãos em centros espíritas, manifestações quase mágicas em roças de Candomblé nos cultos a Baba Egun, as curas milagrosas em terreiros de Umbanda, as visões dos Orixás por parte dos filhos e frequentadores e também a inconsciência geral dos médiuns, o transe profundo.

Mas hoje vivemos numa era de conhecimento na qual a quantidade de informação e conhecimento gerados pela humanidade dobra de tamanho a cada dois dias! Nosso conhecimento transcende o tangível, abstraímos tudo com maior faciildade, por isso essas manifestações mágicas e milagrosas tam diminuído consideravelmente na medida em que o alcance de nossas crenças tem aumentado.

O filho que entra num terreiro de Umbanda hoje deve estar lá para aprender o melhor caminho para a caridade, não para ver espetáculos ou perder o controle do corpo ou para sustentar conceitos há muito tempo ultrapassados.

Arender é o caminho, de preferência conscientemente.

Axé.

23 de nov. de 2012

Quando Iansã falou comigo

Iansã
Boa tarde caros amigos leitores, aqui deixo um breve relato de que nunca estamos sozinhos. 


Já eram quase 14 horas, havia terminado meu almoço e estava esperando ainda dar o horário para voltar a trabalhar, de fome já saciada, ânimos mais calmos após uma manha agitada da rotina de trabalho, estava eu ali, parado na varanda do prédio vendo tudo aquilo em minha volta. 

Eram prédios e mais prédios, pistas expressas, executivos indo e vindo pela rua, publicitários discutindo campanhas, vendedores ambulantes na rua, grupos de pessoas atravessando a avenida, nada muito diferente de um dia comum pra uma cidade do porte de São Paulo. Mas sim, naquele momento tudo estava muito atípico, comecei então a não ver as pessoas em minha volta como apenas pessoas, eram seres, com suas histórias, suas vidas, eram espíritos, eram irmãos, e todos os seus problemas ali estavam evidentes, os prédios não eram apenas mais blocos de concreto empilhados, eles tinham vida, vibravam, estavam tensos, as ruas, os postes, todo material urbano inanimado passou a ter vida, passou de forma clara num milésimo de segundo a se expressar de forma evidente, o sol não só emanava energia e vida, sentia minha pele queimar, arder quase que beirando um incômodo, o barulho da rua chegava a tons estridentes, buzinas, motores, conversas, telefones tocando, vendedores gritando, começaram a aparecer números em minha mente, tarefas que precisava concluir, tarefas que precisavam ser refeitas, seguindo então vieram as horas, ainda era cedo e o dia demoraria a terminar, vieram se então o dia da semana e ela também demoraria para terminar. 

Logo então percebi que a contração no pescoço rapidamente se transformou numa dor de cabeça, minha testa franziu, os dentes já estavam se pressionando, num ato muito repente me percebi perturbado e  agoniado. Tal aflição já era uma agonia sem explicação, o momento de descanso pós almoço transformou se num melancólico intervalo boçal, não via motivos, nem prazer, nem nada que me arrancasse um ar empolgante, já era uma mistura de tortura por suportar todo esse ambiente que tomou forma a minha frente em pouco tempo com a tristeza de seguir o resto dos dias assim, afinal a cidade não parava nunca.

O que estava eu fazendo ali ? Meus pés quentes dentro do sapato pediam um pouco de ar, meus pulmões pediam o frescor que se tem perto de uma sombra dentro das matas. Isso tudo me adoeceria se continuasse assim, fechei os olhos por um instante e a necessidade de um contato com algo que me lembrasse a natureza, a calmaria, as águas refrescantes, a necessidade de algo que me lembrasse a terra que se pisa, a necessidade do paradoxo de "ouvir" silencio era gritante. Aos poucos e com a mesma sensibilidade que tudo o que descrevi tornou se grande e em proporções monstruosas e rápidas, fui sentindo um vento muito leve no rosto. Não aguentei e então uma lagrima escorreu. 

O leve vento parecia estar somente a minha volta, um sopro leve, um sopro fresco aliviava minha pele, minha mente, meus ânimos. Pareciam entrar nos meus pulmões como calmantes naturais, podia até sentir uma leve fragrância de ervas frescas. Abri meus olhos então e já existia ali outro contraste, haviam agora arvores, sim no bairro existiam arvores, estava eu num dos bairros mais arborizados de São Paulo e nunca notará isso, aquela poluição sonora urbana tinha seu volume gradativamente diminuído enquanto alguns pássaros emitiam relaxantes notas no seu canto, sim também haviam inúmeras espécies de pássaros e eu também nunca os notei, também não haviam mais pessoas na rua, eram guerreiros, que sob chuva e sob sol estavam todos os dias religiosamente trabalhando e lutando, eles também não estavam tensos com seus supostos problemas por mim percebido, estavam confiantes e resistentes na sua luta, o grito do vendedor não tinha o tom de incômodo, era uma ousada forma de atrair, até mesmo os prédios já tinham outras cores, estavam mais vivos, pulsando força, gerando trabalho. Tudo foi se contrastando e logo ali, num horizonte onde findava minha vista, alguns bambus, que acredito terem mais ou menos pela minha idade pelo seu tamanho, bailavam lindamente. O vento que neles conduziam os movimentos também produziam um assobio sútil que nunca iria perceber. 

Como bailarinas, iam pra direita, pra esquerda, seus finos galhos pareciam braços molejados, alguma de suas folhas rodopiavam e se desprendiam, fazendo disso um espetáculo nunca visto antes por esses olhos. 

Com o maior cuidado então dirigiu-se até mim uma voz, calma:

- Você gosta de ficar olhando a vista aqui né ? Sempre te vejo aqui esse horário. 

- Gosto sim, eu gosto de ficar vendo a rua. 

- É faz bem espairecer um pouquinho. Você não acha engraçado tudo isso ?

- Tudo isso o que ? Como assim ?

- Aqui tem tudo e não tem nada ao mesmo tempo, tem tudo o que agente quer, mas quando vemos não tem tudo o que precisamos, quando vemos novamente tem tudo o que precisamos, mas não tem nada do que queremos, eu acho isso engraçado. 

Parei por uns instantes e ri, isso me fez lembrar alguma rodinhas de conversas filosóficas que aconteciam no tempo da faculdade, tornei me quieto e pensativo mais uma vez e disse. 

- Estava ali olhando aqueles bambus, nunca os tinha notado. 

- Pois é, acho que você nunca precisou deles ali, por isso não os notou. Você só estava querendo alguma coisa que não sabia o que era. 

- Acho que é isso mesmo, também nunca havia notado aquela mangueira, muito menos todas essas arvores. 

- Mas é assim mesmo, agente quer muita coisa, quando percebemos que tudo o que queremos está a nossa volta, mas só percebemos isso quando agente precisa realmente, quando agente precisa muito de alguma coisa é só reparar que está bem perto.

Ainda não havia percebido o teor profundo dessa conversa, até ouvir isso e então uma expressão de susto e espanto se desenhou em meu rosto, seguindo do que ouvi. 

- O vento é assim igual você, uma hora sopra forte e depois para de soprar, outra hora está lento e já vira tempestade, uma hora nos traz frescor na outra tempestade, ele é assim agitado e calmo, presente e ausente ao mesmo tempo, depende só do que você precisa, de como você quer que ele sopre, de como precisa que ele sopre, eu vi você ai e em menos de 3 minutos foi da agonia a serenidade, só percebeu que tudo o que precisava estava ali, que o quente na verdade era vivo, que o barulho na verdade era força. É assim mesmo. 
Quando o povo negro aqui chegou relutou para buscar o que haviam deixando la na sua terra, buscavam de todas as formas voltar pra seu seio, pra seu orixá, mas orixá está em todo lugar, não vê agora. Está aqui com você, nessas folhas, nessa cidade enorme, em todos ali na rua, esta nesse canto que ouve, inclusive no vento né.

Um sorriso de abriu o maior da semana e disse.

- Sim está até no vento. 

- Sua mãe está em todo lugar filho, não há lugar que o vento não sopre e que um raio não clareie. 

Dona Nair (nome fictício) é a senhora que faz o café da manhã e responsável pela cozinha no prédio, nossa conversa durou mais alguns minutos ali na varanda, assim como você leitor achou que de fato eu estava conversando com Iansã, de fato eu realmente estava mesmo. Não estamos sozinhos um momento se quer, tudo o que precisamos está a nossa volta, se não encontrarmos num primeiro momento, de uma forma ou de outro "eles" irão usar algo ou alguém pra nos falar. Esses 3 pequenos longos minutos de uma breve agonia foi proposital com toda a certeza, as vezes precisamo apagar a luz pra enxergar de novo a luz. 

PS: 

- Dona Nair como sabe que sou filho de Iansã ?

- Ah meu filho, quem fecha os olhos pra sentir ventar não nega a mãe que tem. 

- A senhora é filha de quem ? 

- De Iansã e Oxóssi. 

Que meu pai Oxóssi e minha mãe Iansã com a pureza de nossos ibejis, tragam luz e paz a todos vocês.

19 de nov. de 2012

Os benefícios de ser um médium consciente

Zé Pelintra e Exú Asa Negra em conversa de compadres
Imagine o quanto esses médiuns aprenderiam com essa conversa se fossem conscientes?
Olá irmãos, como vão? Recentemente aprendemos sobre os mitos e processos da mediunidade consciente. Hoje analisaremos seus benefícios!

O grande problema que identifico nos médiuns conscientes é o medo de interferir na incorporação e parecer que está fingindo ou que é fraco mediunicamente, o que nos remete ao primeiro texto de nossa série sobre a consciência na mediunicade que fala sobre os mitos. Em resposta, eu peço para que a pessoa reajuste seu foco me respondendo uma questão: "O que viemos fazer primeiramente no terreiro?"
 
– Ajudar?
– Não.
– O que então?
– Aprender!

Acompanhem meu raciocínio: se aprender é a nossa prioridade no Templo e os Orixás são nossos maiores professores, ainda por cima se for um Orixás que tem a permissão de habitar o seu corpo, qual o melhor momento para aprender com ele? Quando ele está dentro de você!

Nada mais óbvio, não é? O principal benefício da mediunidade consciente é a facilidade de aprendizado. Primeiro aprendemos como servi de meio de comunicação e tranferências de energias entre um ente espiritual e o plano físico mesmo que da forma mais sutil (sem que precisemos "apagar" durante este processo) e depois porque presenciamos a caridade sedo feita da forma mais pura possível, vemos a água brotar diretamente da fonte! Então o bom de ser consciente na incorporação é poder partilhar desses momentos ao lado do Orixá, aprender com ele como se dá uma palavra de amor (ou um puxão de orelhas!) a quem necessita.

Mas ouvir a consulta alheia não é uma invasão?
De certo modo é sim, mas os Guias só nos deixam guardar na memória aquilo que nos servir como lição ou o que não afetará diretamente a vida de nenhuma outra pessoa, principalmente quem está recebendo a consulta. E no caso de algo muito íntimo de alguém nos servir de conselho, aparecem aí duas novas oportunidades de aprendizado: a firmeza de caráter e a discrição, características indipensáveis a um médium, pos sem elas a credibilidade dele (e da casa) vão por água abaixo.
A Umbanda é maravilhosa por nos oferecer, em cada detalhe, grandes oportunidades de aprendizado.

Axé!

Veja os demais textos sobre a mediunidade consciente:

14 de nov. de 2012

Fim do Mundo e a Profecia Maia

 21 de Dezembro de 2012

Hoje ao certo não sei se meus caros leitores, conseguiram ver essa postagem após as 19 horas, já também não sei se dei o máximo de mim esse ano, essa semana, ontem e se estou dando o máximo de mim hoje.

Em apenas algumas horas como num programa de retrospectiva 2012, tive um filme da minha vida desde o dia 8 de Fevereiro de 1988, lembranças da infância, dos meus primeiros passinhos, minha primeira papinha, minha lancheira, a escolinha, o primeiro cadernos, as primeiras tarefas de casa. Os desenhos que assistia quando chegava da escola, as brincadeiras que gostava de fazer, as broncas que levava. Como se fosse ontem aprendi a fazer as primeiras continhas de soma e subtração, as primeiras pedaladas numa bicicleta, o primeiro animalzinho de estimação, o nascimento do meu irmão. De forma progressiva, me vi com 15 anos, a voz ora fina ora grossa, os amigos, os avós, os tios e tias, primos e primas, distantes e próximos, a adolescência, tudo que nela tem de conturbado e tudo o que temos pra descobrir nela.

Na mesma linha do tempo, vi tudo mudar, tudo se transformar, tudo e todos crescerem, o término do colégio, a despedida da casa dos pais, a faculdade, o estágio, o primeiro emprego, o primeiro salário. Vi e senti como se fosse ontem, o terreiro, o cheiro da defumação, o som dos atabaques, a ansiedade antes dos trabalhos começarem, vi o tempo passar, as obrigações que dei a cada Orixá, a feijoadas de Ogum, as frutas em Janeiro pro meu pai Oxóssi.

Vi o tempo correr e ele correu.

Hoje é o último dia de uma geração de 2012 anos, onde nela aconteceram, guerras, fome, pestes, desastres, escravidão, violência e falta de amor. Exatamente tudo ao contrário de que nosso mestre nos deixou de exemplo, exatamente tudo aquilo que um preto velho em seu banquinho disse para não fazermos. Demos mais importância para nós mesmo do que para o coletivo, para o dinheiro do que para a saúde, para as coisas do que para as pessoas, mais uma vez não aprendemos que todos unidos somos mais fortes, que se dessemos pelo menos metade do que temos para auxiliar o próximo, não existiria riqueza nem pobreza, como diz uma alma sábia. Mais uma vez escolhemos acumular do que dividir, exigir compreensão do que ser compreendido, mais uma vez escolhemos o caminho do "eu" do "meu".

Mas tudo já estava escrito, tivemos 2012 anos para tentar por em pratica o amor ao próximo, o sorriso sincero ao invés da reclamação diária, tivemos mais de dois mil anos e inúmeras encarnações para simplesmente amar um pouco mais o próximo, para viver melhor e de forma mais intensa cada nascer do sol. Tivemos 5 chances na semana para sermos mais alegres, mais felizes, tivemos 4 semanas no mês para abraçarmos nossos irmãos, para a caridade, tivemos 12 meses no ano para nos melhorar e se passaram 2012 anos e continuamos repetindo os mesmos erros.

Não sei ao certo, como será o final do mundo hoje, os Maias acertaram as previsões, nisso ao menos a humanidade não errou.

Temos apenas algumas horas, não conseguiremos dar nosso "Feliz Natal" as pessoas que amamos, depois disso nem existirá mais natal e nem aquele clima de espirito natalino, não vou vestir mais branco no Ano Novo, nem estourar champanhe e a última contagem regressiva que farei vai ser para sempre daqui algumas horas.

Restam apenas 4 horas, não sabemos se o Sol mandará raios fortes e queimara toda a terra, se será rápido, ou lento e doloroso, se virá um dilúvio novamente, não sei quanto tempo durará o fim, mas enfim ele chegou, suas promessas, seus planos, seu futuro, acabou-se tudo. Não adianta estocarmos água e suplemento, nem rezarmos, talvez refletir e pensar um pouco no modo que temos levado a vida, traga um pouco de conforto caso você tome consciência de quanto podemos melhorar, mas isso também não irá mudar o fato de que o mundo hoje acaba e nos desperdiçamos todas as nossas chances e encarnações.

Deixo, aqui meu eterno arrependimento, minha eterna lamentação e súplica por uma nova chance, de por em prática tudo o que nosso mestres no ensinou, tudo o que os pretos velhos nos falaram, deixo aqui meu eterno pedido de perdão por não ter aproveitado o dia de hoje como se fosse o último, mas isso hoje eu conseguirei fazer, afinal hoje é o último dia.


Pensem e reflitam amigos leitores, o texto foi escrito de forma lúdica, mas realmente não sabemos quando será o fim de tudo, ou se ele realmente irá existir, então aproveitem as chances e tenham um excelente dia.

Que Oxóssi, Iansã e os Erês abençoem a todos.

Axé