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18 de mai. de 2012

AS 7 LÁGRIMAS DO PRETO VELHO



Oi amigos leitores, gostaria de iniciar o texto de hoje falando sobre como mudamos de visão sobre as coisas no decorrer de nossas vidas. Duvida? Pare para pensar na sua adolescência, naquela época tudo parecia conflitante e virtualmente definitivo - você tinha o grande amor da sua vida, amigos eternos, problemas gigantescos e todo dia era o mais feliz ou o mais triste da sua vida, não é? E hoje, como você se vê? Ou melhor, como você vê o passado? Como você define a sua adolescência? Provavelmente (isso é válido, claro, para os leitores adultos) descobriu que a felicidade é situacional e que os problemas passam e que há coisas maiores a se preocupar. Olhamos para o passado com carinho e até um leve desdém, não é? Isso porque mudamos, tudo muda. Contudo as mudanças são tão graduais que mal percebemos, só nos damos conta quando olhamos, com os olhos de hoje, alguma coisa intacta do passado. Foi o que aconteceu comigo essa semana. 

Uma filha de santo viu na internet um texto que a comoveu, imediatamente ela copiou-o e colou em meu facebook dizendo "Lembrei de você. Não sei porque, leia aí...". Era um texto clássico de Umbanda, chamado "As sete lágrimas de um preto velho", que conta a história de um homem que foi em um terreiro e viu um preto-velho chorar, quietinho, em um canto e resolveu pergunta-lhe o motivo daquelas sete gostas que lhe correram a face. Eu já havia lido este texto há uns seis anos atrás e confesso que achei apenas mais uma história bonitinha de se colocar em um mural que jamais seria lido com seriedade por alguém, mas dessa vez a leitura me chocou. De tal forma que cheguei a sentir raiva e indignação. 

A seguir mencionarei cada uma delas e as comentarei para que assim vocês possam me entender um pouco. 

"A primeira, eu dei a estes indiferentes que aqui vem em busca de distração, para saírem ironizando aquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber..." 
Quantas vezes eu já vi pessoas que se dão ao trabalho de sair de seus lares, muitas vezes atravessando cidades, para chegar no templo e ficar conversando com a pessoa ao lado, ficar falando da roupa do irmão ou reclamando da vida. Alguns entram na Casa mas estão com a cabeça no lado de fora, nas baladas que deixaram de ir ou nos problemas amorosos ou de família. Isso vale para os filhos e para quem nos visita também. Terreiro é coisa séria e exige foco total de todos. 

"A segunda a esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando, na expectativa de um milagre que seus próprios merecimentos negam." 
Duvidar todo mundo tem direito, assim como acreditar é uma capacidade de cada um também. Quem vai no terreiro com dúvidas e fica testando os Orixás, sai de lá mais confuso ainda, porque eles intercalam grandes armadilhas com pontuais e profundas verdades. Assim eles tocam o seu espírito e mesmo assim a cética cabeça ainda fica confusa entre fatos e sensações. Não estamos aqui para provar nada a ninguém. 

"A terceira, distribui aos maus, aqueles que somente procuram a UMBANDA, em busca de vingança, desejando sempre prejudicar a um seu semelhante." 
Não é raro aquele que confunde o negativo com o mal. Aqueles que acham que a Umbanda é uma terra sem lei, que basta da r um presente a um Orixá e este lhe proverá o que pedir. Aqui pregamos a Lei do retorno, todos envolvidos em um ato de maldade (Orixá, médium, cambones, a Casa e seus auxiliados) serão cobrados por seus atos. 

"A quarta, aos frios e calculistas que sabem que existe uma força espiritual e procuram beneficiar-se dela de qualquer forma e não conhecem a palavra gratidão." 
Para aqueles que conhecem o poder de Oxalá e mesmo assim pensam em utilizá-lo em causa própria eu não dedico meu argumento. Tamanho o meu desprezo. 

"A quinta, chega suave, tem o riso, o elogio da flor dos lábios mas se olharem bem o seu semblante, verão escrito: Creio na UMBANDA, nos teus caboclos e no teu Zambi, mas somente se vencerem o meu caso, ou me curarem disso ou daquilo." 
Já vi pessoas querendo custear festas inteiras, centenas de sacos de doces para Cosme e Damião e até vestir branco e ingressar na gira. Saíram meses depois porque não ganharam nada em troca. Talvez seja o tipo mais comum dentre os errados em um terreiro. 

"A sexta, eu dei aos fúteis que vão de Centro em Centro, não acreditando em nada, buscam aconchegos e conchavos e seus olhos revelam um interesse diferente." 
Esses são os cupins de nossa madeira, a praga da lavoura. Pessoas que pulam de terreiro em terreiro, dizendo-se entendidos com suas guias brilhantes e seus cocares faraônicos. Chegam, encantam a todos por alguns minutos com a sua “sabedoria” e minutos depois já não agregam mais nada á gira. Assim seguem para outro templo... 

“A sétima, filho notas como foi grande e como deslizou pesada? Foi a última lágrima, aquela que vive nos olhos de todos os Orixás. Fiz doação dessa aos Médiuns vaidosos, que só aparecem no Centro em dia de festa e faltam as doutrinas”. 
O filhos que aparecem três vezes ao ano no terreiro: na festa de Cosme e Damião, na de Pretos Velhos e na de Iemanjá. Via de regra chegam enfeitados como pavões de forma a atrapalhar a mobilidade do Guia ou até mesmo sua sintonia, uma vez que este médium fica tão preocupado se o penacho não vai cair ou se vai sujar a roupa, que esquece-se do seu dever na casa. Este tipo de pessoa faz a gira parecer um teatro, pois sai correndo para o banheiro para se trocar a cada mudança de linha. A corrente vibratória, para que? 

Agora eu entendo porque o preto velho chorou. Axé. 

Em tempo: dia 26/5/12, sábado, será realizada a Festa de Pretos-Velhos no Templo de Umbanda Portal dos Orixás. Estão todos convidados.
Para maiores informações deixe suas questões nos comentários ou ligue 13-94256159








Um comentário:

  1. Gos tei muito do seu blog!
    Muito bom!
    Poderia sempre que puder postar mais um pouquinho =)
    fique com Olorum

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