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24 de nov. de 2011

O MELHOR DE SI



Sábado, 12 de Novembro de 2011. Para muitos foi mais um sábado chuvoso, para outros mais um dia de gira no terreiro e para uns poucos foi somente mais uma noite de ficar em casa pensando na falta que poderiam fazer a alguém. Para mim não.

Estava com o peso do conflito ainda sobre a armadura, as feridas morais já haviam cicatrizado, mas ainda doíam e eu não sabia o que esperar daquela noite. Sou um homem de planos e para esse tipo de pessoa, ficar sem saber o que esperar é o caos total, mas fiquei firme em meu posto. Cumpri com minhas obrigações, maculei meu corpo com carne e nem minha alma com rancor e segui em frente, banhei-me de ervas, cobri-me de branco e fui receber meus filhos, mas ainda me questionava até quando eles seriam minhas crias de bom grado. eu não sabia o que esperar.

Nessas horas, amigos, é que noto como sou pequenino e como os Orixás podem fazer de nós menores ainda, brincando com nossos medos para que enxerguemos o nosso devido lugar. Um a um os filhos foram chegando, de forma silenciosa e respeitosa foram cumprindo seus rituais. As bênçãos, as firmezas, as rotinas, tudo como manda o figurino, tudo aquilo que lhes ensinei durante este ano inteiro. Fui surpreendido.

Antes de iniciar a gira, uma conversa. O que habitualmente eram correções de postura repetidas à exaustão se tornou em uma única pergunta: "Quem aqui está afim de dar o melhor de si hoje?". Eu esperava três ou quatro mãos se erguendo, mas vi mais de uma dezena! E curiosamente a dona da única mão que não se levantou foi uma das pessoas que mais vibraram comigo nas horas que se passaram. ela ode não ter movido as mãos naquela hora, mas estava já de coração aberto, estava se doando.

O resultado disso foi simplesmente a gira mais maravilhosa que já tive a honra de participar. Não era festa de Orixá algum, mas sei todos eles estavam festejando conosco, a Aruanda estava ali porque eu senti, eu via nas pessoas a alegria de estar cantando, de estar ajudando seus irmãos. não resisti e fiz questão de chamar todos os Orixás para a terra. eu queria tocar para eles, cantar em agradecimento e o fiz. Fiz tanto que quando parei, meus dedos estavam com bolhas enormes, mas eu não me importava com isso, tocaria a noite toda até sangrar as falanges se fosse necessário.

Tudo isso para agradecer a Zambi e todos os orixás por me avisarem que tenho filhos maravilhosos que respeitam a sua casa e amam seus irmãos. Por isso eu os amo, todos eles.

Quem está afim de dar o seu melhor todos os dias?

Axé.

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