Eu e o Peninha temos uma afinidade que transcende o físico, ultrapassa vidas. A gente se entende desde garoto, no passe de bola, nas piadas, nos protegíamos nas brigas, dividimos o mesmo quarto e trabalhamos juntos por muito tempo, meus pais o amam tanto quanto a mim ou qualquer um dos meus irmãos e na Umbanda não poderia ser diferente. Iniciamo-nos praticamente ao mesmo tempo, ajudamos - mesmo sem saber o que estava acontecendo - a fundar a casa que hoje todos chamam de Portal dos Orixás, para nós era somente uma reunião entre amigos para compartilhar da Luz dos Orixás e ceder a eles o nosso corpo.
Vibrei quando seu desenvolvimento evoluiu e seus guias começaram a proferir as primeiras palavras. Certo dia numa sessão no quarto da casa de nossa Mãe seu preto velho foi embora e ele se sacudiu, comemorei como se fosse um gol em final de copa do mundo: "Você viu aquilo? Viu?!" Éramos crianças crescendo e até hoje me sinto meio juvenil perto da simplicidade com que Pai Peninha me mostra as coisas da vida, logo eu que me gabo de ser articulado com as palavras, vejam só.
Já o odiei, confesso. Odiei nas vezes em que ele faltou numa gira e me deixou sozinho lá sem aqueles repiques de atabaque, sem aquela voz estridente a me acompanhar nos pontos, sem aquele sorriso rechonchudo quando tudo dá certo, sem as preces puras de coração no fim de cada gira.
Num momento qualquer de dificuldade foi ele quem me deu a lição que prego a todos aqui: "Cara, seu compromisso é com os guias e com quem precisa de ajuda. Entra, faz o seu e sai, Oxalá está vendo tudo isso". Aprendi tantas coisas com ele... inclusive que estou me tornando um bobo sentimental.
Molhei meu teclado. Axé.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluiro pai Anderson (peninha) é um exemplo de bondade... paciência...força....pois conheço ele a tempo e sei como é um excelente mediu...sabe separar amizade de compromisso espiritual..... muito axe a ele e a todos do portal dos orixás.....
ResponderExcluirQue fofo ...
ResponderExcluir