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28 de jan. de 2014

Oferenda x Empenho: qual é o certo?

festa de Oxossi santuário nacional de Umbanda
Foto: João Vitor Bailoni

Olá irmãos umbandistas, como estão todos?

No dia 19 de Janeiro de 2014 meu terreiro realizou sua Festa de Oxóssi, no Santuário Nacional de Umbanda, em São Bernardo do Campo-SP. Foi uma festa linda, cheia de vida e cores. Os caboclos dançando e bradando, o axé maravilhoso dos orixás nos inebriava. Estava tudo maravilhoso.

Mas o bom daquele lugar é o contato entre terreiros distintos. Lá você sai para andar e vê gente passeando, terreiros inteiros prestando suas homenagens aos orixás, entidades incorporadas em seus médiuns andando sozinhas por aí... é divino!

E nessa minha andança, me deparei com uma mulher oferendando um pequeno prato de barro com quiabos e uma cerveja preta nos pés da estátua de Xangô, seu Pai de cabeça. Achei bonito aquilo, a fá e a simplicidade da moça. Eu mesmo, nas raras vezes em que fiz alguma oferenda pessoal à algum orixá, nunca arreei pratos grandes, só os pequeninos, pois, para mim, o que vale é a fé e nossos atos além do oferecimento do prato. Julguei que aquele era o pensamento da mulher, fiquei contente por ela e segui adiante.

Mais tarde eu fui com meus filhos ao Reino de Exú, um reservado num lugar alto e dedicado às oferendas à Exú e Pombogira. Um lugar de energia densa e reflexiva, cercado de urubus que comem os bifes das oferendas, algumas galinhas ciscando a farofa (lá é expressamente proibido qualquer tipo de sacrifício, por isso muita gente deixa os animais vivos lá e vão embora) e muitos pratos oferendados à Esquerda. Lá eu me deparei com a mesma moça de outrora, oferendando um prato aos Exús, só que desta vez a oferenda era enorme! Um prato de barro de uns três palmos de, seguramente, mais de 35cm de diâmetro, todo coberto por filé sangrando, farofa amarela, cebolas, pimentos gordas e vermelhas como sangue, sete charutos e wiskey importado.

Até aí tudo bem, cada um oferenda o que quer, mas me senti intimamente incomodado pela discrepância entre o tamanho das oferendas dadas ao Pai de Coroa da moça e ao seu Exú. Quem sou eu para apontar o dedo ou julgar o trabalho do Guardião na vida daquela moça, mas, cá para nós, nada substitui a presença e a obra do pai em nossas vidas. Eu recebo o Sr. Marabô e sou eternamente grato a tudo o que ele faz por mim a cada dia, mas sei que devo minha vida e caminhos à Oxóssi e Oxum (e Zambi, acima de tudo), por isso eu (vejam bem: EU!) não oferendaria à um guia um prato maior do que aquele que eu dei ao meu pai ou mãe.

Não digo que o prato de Xangô tem que ser enorme, volumoso e cheio de coisas. Muito pelo contrário, para mim as oferendas devem ser simples como a Umbanda é. O que digo aqui é que, de alguma forma, o tamanho da oferenda (e o empenho em montá-la) estão diretamente ligados à importância que damos ao orixá presenteado.

Vou repetir aqui o que sempre digo aos meus filhos: sejamos simples e objetivos, tenhamos sempre o maior respeito e carinho por todos os guias, honremos sempre nossos pais, mães e aqueles que nos amam. Sem luxo, sem ganância e sem egoísmo. Na Umbanda o filho não pede nada para si, só agradece a oportunidade de ajudar.

Um comentário:

  1. Sempre penso no que voce postou. Ja parei e me perguntei algumas vezes sobre isso. Penso da mesma maneira do que voce. Mas penso no que é importante a ela, se ela nao consegue ver esta diferença no coração nao ha mau em fazer.

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