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22 de dez. de 2012

Macumba não resolve a vida de ninguém!

É melhor levantar e ir batalhar do que esperar por um milagre.
Olá irmãos umbandistas!

Eu iria dissertar hoje sobre a última gira que realizei, nosso encerramento da linha de esquerda, mas durante essa semana me ocorreu algo muito interessante.

Eu havia dito no texto sobre mediunidade consciente que lembramos apenas aquilo que os Orixás julgam importante para nosso aprendizado. Pois ocorreu de o Sr. Zé Pelintra dizer, durante um descarrego em uma moça que "Macumba não resolve a vida de ninguém. O que é para ser seu vai ser, desde que você conquiste". Isso ficou comigo.

Nesta semana uma pessoa que há muitos anos não falava comigo - isso porque já foi filha de santo do terreiro que frequento! - veio me chamar no chat do facebook, acompanhem o diálogo:

Ela: Cláudio preciso de sua ajuda urgentemente!
Eu: Pode falar, tô aqui pra ajudar.
Ela: Preciso subir de cargo no meu emprego e sei que você e seus guias vão me ajudar
Eu: Errr... vou pedir para eles te iluminarem para que seu esforço aí seja recompensado
Ela: Não quero isso, só preciso que você me diga o que eu tenho que fazer e onde para eles me darem esse cargo.
Eu: Entenda, nada é mais forte do que a fé e o empenho. Se você quer tanto assim isso, batalhe pelo cargo. Eu não faço macumba, há quem faça, mas eu não.
Ela: Você conhece quem faz?
Eu: Não.

E não obtive resposta a seguir. Nem um "Obrigada, tchau". Nem isso.
Fiquei pensando em como algumas pessoas ainda enxergam a Umbanda como o último recurso mágico para resolver seus problemas ou caprichos, veem em nós umbandistas como fazedores de macumbas e vislumbram nas oferendas uma barganha com os Orixás, algo como "Eu dou uma pinga e ganho aquele emprego, dou um peixe e meu chefe sai do meu pé". Isso me deprime.

Quem vê na Umbanda um lugar onde seus problemas serão resolvidos está desperdiçando seu tempo e renegando todo o potencial de crescimento espiritual e mental que há dentro do templo, nas palavras dos Orixás. Como já disse Sr. Marabô: "Quem tem que resolver seus problemas é você, não fui eu que os criei. Você cavou a cova, agora se enterre ou saia do buraco e o feche para que outro não caia. Estamos aqui te dando todo o apoio na subida para fora do buraco".

Já passou a era em que era só arrear um prato na encruza e esperar o "milagre" acontecer. A humanidade evoluiu e a Umbanda também. O mundo tá aí girando e é melhor corrermos atrás porque...

...macumba não resolve a vida de ninguém!

Axé!

17 de dez. de 2012

Festa de Iemanjá parte 2: a alegria de ser umbandista

Filhos alegres e sem vaidade: isso é união em um terreiro de Umbanda!
 Olá irmãos de fé umbandista!

Nossas fotos já estão em nossa página no Facebook!

Semana passada falamos sobre o sacrifício de cada um em nossa festa de Iemanjá e o quanto isso foi gratificante. Hoje vou encerrar falando da alegria das pessoas.

Eu estava com medo da chuva, medo do vento ficar forte o bastante para levar embora nossas barracas, molhar os atabaques e macular nossa celebração. Medo de que uma forte chuva de verão colocasse abaixo o esforço de cada filho e com isso eles ficassem tristes, desmotivados.

Chegou o momento da gira. Céu estrelado, vento suficiente para nos refrescar, tentas montadas, couro esticado, areia fofa e cerca de 40 sorrisos estampados nos rostos dos filhos, amigos e visitantes que estavam dentro de nossa corrente (sem contar as dezenas de assistidos em suas cadeiras ao redor da tenda).

As palmas ressoavam, eu cantava até minha voz desaparecer e, depois disso, continuava cantando, o couro gemia no toque de ijexá que chamava os Guias para a terra. Iemanjá com seu canto profundo - a homenageada da noite - abriu a gira e benzeu filho por filho, visitantes e assistidos com suas flores e alfazema. Depois vieram Ogum, Xangô, Oxum, Iansã e Senhor Omolú, todos tão vibrantes quanto as pessoas que cantavam para eles. Os Orixás agradeciam o carinho e a alegria de cada filho seu.

Eu queria ser mil ali, cantava, tocava, trabalhava e orquestrava a todos e todos devolviam meu empenho com igual esforço. Estávamos unidos, éramos um só coração, um único sentimento de alegria e amor à missão umbandista.

Depois de Cosme e Damião, Pretos Velhos, Baianos e Boiadeiros eu pude sentir em minha pele o tamanho da felicidade dos Orixás. Senti isso quando um dos maus mais fieis companheiros espirituais habitou meu corpo: Marinheiro Pereira. ele estava radiante! Senti naqueles momentos o tamanho de sua felicidade, não pelos peixes, não pela tenda e flores, mas por conta da união das pessoas, da falta de vaidade e do empenho de cada um. Ele estava feliz pela simplicidade, porque os filhos não olhavam de soslaio para as roupas dos outros, porque não havia estrelas ali, porque o maior presente que os Orixás poderiam ganhar lhes foi dado: a união e a humildade de cada um.

A alegria da ser umbandista!

10 de dez. de 2012

Festa de Iemanjá parte 1: os grandes esforços e o verdadeiro sacrifício

Oferenda para Iemanjá: um barquinho, flores e muita, muita fé!

Bom dia umbandistas! Todos na fé de Oxalá?

Este texto faz parte de uma série que escreverei sobre a nossa Festa de Iemanjá.

Irmãos eu estou cansado. Meu corpo está dolorido, minhas mãos com calos estourados, minha pele ardendo, minha mente esgotada. Apesar disso eu estou feliz, muito feliz!

Não por estar com dores, mas por meu coração estar leve como uma pluma, por minha alma estar lavada e por minha força espiritual e meus votos de amor à Umbanda estarem renovados.

Renovados no mar. Na força de mãe Iemanjá, a Grande Mãe dos orixás e dos homens.

Não é exagero eu dizer que este último sábado foi o dia mais corrido de minha vida, pois acordar junto com os primeiros raios de sol, comprar peixes, flores, montar o congá na areia (cavar, molhar e moldar a terra), firmar os pontos, acender velas e tochas, coordenar as pessoas... tudo isso em apenas um dia! É muita coisa, muito esforço para um só corpo. Seria pior se eu não contasse com filhos maravilhosos que compõem este terreiro pelo qual daria a minha vida, gente que assim como eu torrou no mormaço enquanto empunhava uma enxada ou buscava pesados e intermináveis baldes de água salgada, filhos que tiveram de se dividir entre seus empregos e a ajuda na edificação de nosso templo à Mãe Iemanjá.

Esforço físico aparte, até porque o sacrifício físico está longe de ser o ato mais louvável de um umbandista, o que me orgulha desta festa de Iemanjá foi a união das pessoas. O entusiasmo com que elas encararam este desafio, a doação a que se propuseram e a dedicação de cada um. Me lembro que antes de iniciarmos os trabalhos eu disse a todos - havia representação de 4 casas ali - que a festa de Iemanjá é o elo final de toda a corrente vibratória que construímos durante o ano, era o momento de fazer valer a pena, porque todos os orixás estavam presentes, o mar nos vigiava.

Perguntei: "Quem aqui vai doar todo seu axé em nome de Iemanjá?"
A Resposta foi um arrebatador "Odociaba!!!" vindo de médiuns fervorosos que aplaudiam e erguiam suas suas mãos. Foi tocante!

Foi exaustivo. Foi perfeito.

P.S.: Em breve postarei as fotos da festa em nossa página no Facebook