Um novo ano se inicia, é hora de começar a encher o barquinho azul claro de novas lembranças e aprendizados, de frustrações e alegrias. Lidar com pessoas é isso: um amontoado de emoções confusas, surpresas a todo instante, você sorri, chorra, morre de desgosto e renasce na semana seguinte com uma alegria estonteante. Talvez seja isso o que mais me atrai na Umbanda, essa liberdade de sentir e aprender a cada coisa que acontece. Tenho pena daqueles que negam a si mesmos essa dádiva.
O bom desse ano é que a casa estará forte como nunca esteve. Embora nossa madrinha ainda faça falta (sempre fará, pois ela, Pai Peninha e eu somos trigêmeos univitelinos em matéria de terreiro), a direção do templo jamais esteve tão unida dentro e fora da casa. Nossa mãe vive momento de renascimento pessoal e encara novos desafios espirituais e - por que não dizer? - éticos. O que é uma maravilha, pois sem desafios não há jornada.
Pai Peninha é uma pessoa iluminada, vem crescendo a cada dia, tem uma família linda e amigos que o amam. É respeitado uniformemente por todos no templo (por mais que alguns digam o contrário). Não me furto em dizer que sem ele ali a obra não iria para frente. eu não resistiria.
Meu pai de sangue e cambone superior da casa, Dom Esequias Mojubá, é exemplo de garra, retidão de caráter umbandista e fé. Fés esta que pavimentou caminho para o que foi - em minha opinião - o milagre do ano: meu pai venceu mais uma batalha contra o vício da bebida num épico episódio com Senho Zé Pilintra, narrado aqui neste blog. É sem dúvida o grande propagador de nossa doutrina e nosso templo na cidade.
Talvez eu nunca tivesse falado de minha mãe de sangue e filha do terreiro, Dona Maria Alice. Talvez uma das figuras mais atuantes e controversas da casa. Falar é com ela mesma, ajudar mais ainda. Não dá para negar o esforço dessa mulata de mais de meio século de vida, pessoa que me criou com raça, que junto de meu pai possibilitou a edificação de nosso templo ao doar-nos uma fração de seu terreno. É ela quem gasta horas incontáveis raspando os pingos de vela arbitrariamente dispostos no chão. quando todos voltam para seus lares, é ela quem mantém limpo e organizado aquele salão de orações. Foi ela quem enfrentou a infestação de cupins que poderia levar ao chão o telhado do templo. Pouca gente sabia, até agora.
Cada um ali te a sua importância e me comprometo em mencionar nominalmente todos durante esse ano, desde que concordem. claro. E por falar em menção pessoal, é bom deixar claro que seguiremos com o planejado em 2011: doutrina e cooperação igualitária de todos. Quem falhar será cobrado pessoalmente, não haverá o excesso de cobranças ao grupo para atingir o indivíduo, a falta de bom senso nos leva a atitudes mais explícitas, contudo ainda particulares.
Vale também lembrar do recado do Sr. Exú Coroado, com sua rudeza característica, no encerramento dos trabalhos espirituais no fim do ano passado.
Coroado: Vocês sabem quem vai mandar aqui na era que vem?
Médium: Quem?
Coroado: Laroiê, Exú! e sabe o que isso quer dizer?
Médium: Não senhor, o que?
Coroado: Que vocês estão fodidos!
Axé.
Falo e disse tudo agra fiquei maravilhoso este post...
ResponderExcluir