Olá irmãos umbandistas, como vão? Primeiramente eu gostaria de pedir desculpas pela falta de textos nestas últimas semanas, a questão é que eu escrevo aqui com base em inspirações diárias e para tanto eu preciso de um certo nível de quietude na alma e paz interior. algo que me escapuliu recentemente, mas acredito estar regressando.
Em uma de nossas últimas interações no Facebook, semanas atrás, eu pedi a opinião de vocês sobre o próximo texto e nosso irmão Leandro Panosso sugeriu que a conversa fosse sobre a herança cultural que nossos antepassados escravos e índios nos deixaram. Achei o tema formidável e fui pesquisar um pouco, mas a maioria dos achados já estavam presentes em minha memória e vida de forma muito cândida, muito apaziguada, como, por exemplo, a culinária, expressões linguísticas, costumes e superstições. O problema é que a gente acaba se esquecendo - ou sequer se preocupa em saber - de onde veio tudo isso e qual o custo dessa herança.
Parem para pensar um pouquinho. Se imaginem aí em suas casas, tranquilos numa bela tarde com a família quando, de repente, um bando de seres de cor estranha, língua desconhecida e roupas jamais vistas invadem sua vida, violentam suas mulheres, te prendem e te tiram o que mais lhe importa: sua liberdade, seu lar, sua pátria e família. Como você se sentiria ao perder tudo isso? E ao ver seus semelhantes morrerem nos fundos fétidos de um navio negreiro, hein? O que passaria em sua mente ao ter que jogar os corpos de sua família, morta há dias, no mar?
Revolta, não é?
Isso porque nem citei as humilhações passadas em terra firme, as barbáries que nossos ancestrais tiveram de enfrentar. Imagine este ciclo se repetindo durante séculos.
Mais revolta? Eu sei.
E depois da Lei Áurea veio a liberdade, mas a segregação continuou e perdura até hoje. Todos sabemos disso. e com os índios foi a mesma história também.
A Umbanda nasceu negra e índia. Mas como uma religião tão linda e pacífica como a nossa poderia nascer a partir de povos tão sofredores e que, segundo a nossa lógica humana, se tornaram tão revoltados?
A Umbanda, neste contexto, é a melhor resposta à minha pesquisa e à indagação do nosso leitor: o maior patrimônio que os negros nos deixaram não foi a culinária ou quaisquer outros costumes, foram seus ensinamentos, seu legado moral. O ensinamento de que por mais que sejamos castigados, humilhados ou dizimados, devemos nos erguer e continuar nossa luta pelo bem maio da vida terrena e eterna. Aprender não somente com nossos erros, mas também a não repetir as falhas alheias, pois não é porque fomos açoitados um dia que iremos açoitar o próximo.
O legado moral é e sempre será o nosso maior presente às gerações futuras, portanto questionem-se sempre por quais atos vocês querem ser lembrados e quais atitudes suas vocês desejariam ver seus filhos replicando.
Foi para isso que a Umbanda surgiu, para que os negros e índios nos mostrassem qual postura tomar diante de quem os açoitou: o perdão.
Então pratiquem sempre o bem e sejam felizes com a felicidade do próximo.
P.S.: vejam essas fotos do final da escravatura no Brasil http://bit.ly/1aEMXto
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