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30 de jul. de 2013

Aconteceu comigo: quando eu descobri a minha mediunidade

Cada minuto que passo no terreiro eu devo ao que vivi aos 7 anos de idade.
Olá irmãos de fé umbandista, como estão todos? 


Foi há 20 anos. Eu ainda um menininho de 7 anos de idade fui incumbido por minha mãe (que detestava Umbanda, Candomblé e afins, ou seja, a "Macumba") de vigiar a minha irmã mais velha que insistia em frequentar as giras num terreiro perto de casa. Na verdade a minha mãe foi vencida pelo cansaço, já que as surras que ela dava em minha irmã não surtiam mais efeito assim como o ato de queimar suas roupas de santo, então ela resolveu consentir que minha irmã tivesse sua própria religião desde que me levasse a tiracolo. Claro que eu fui instruído a contar cada detalhe da gira para minha mãe...

Eu fui, mas, como disse antes, eu era uma criança de 7 anos de idade e não estava nem aí para minha tarefa de vigia. Eu queria mesmo bagunçar e misteriosamente o som do atabaque - me lembro que, de modo geral, era um Ijexá bem acelerado - bem deixava elétrico e eu adorava tudo aquilo, os baianos, os boiadeiros, um sujeito de terno branco que vinha na Mãe Beth e a fazia sambar como se seus pés não tocassem o chão...

Menino arteiro que era (ainda sou), não demorou muito para um baiano de chapéu de couro me chamar para dar um passe e me deixar mais tranquilo. Seu nome era Jeremias, sujeito arretado e cantador, homem que falava direta e francamente com todos, inclusive com um certo menininho que beliscava a farofa e a carne seca do Congá nos intervalos da gira. Ele dizia "Tu vai ter que botar o branco" e eu balançava a cabeça respeitosamente, mas sem entender muita coisa. 

No fundo para mim aquilo era um grande teatro, um grupo de pessoas se divertindo num faz-de-conta semanal. E continuei achando aquilo quando, numa gira de baianos, Sr. Jeremias botou a mão em minha cabeça e me girou como um peão. "Salve a Bahia!" Eu ficava lá girando com os olhos semicerrados ao som do Ijexá e balançando os bracinhos. Propositalmente, eu pensava.

Isso aconteceu durante algumas semanas. A mesma fórmula: Jeremias, peão, Ijexá, bracinhos, tudo proposital. Então, não me lembro porquê, puxaram um ponto ao som de Barra-Vento. Ah meus irmãos! Meu coração disparou, não conseguia abrir meus olhos, eu sentia que girava feito um motor de liquidificador, mãos batiam em mim (provavelmente eram as pessoas fazendo um círculo ao meu redor), uma coisa louca! Quando abri meus olhos, lá estava ele de chapéu de couro, fio de conta composto de um coquinho, um olho de cabra e um chapeuzinho de couro. Sr. Jeremia me olhava sério e eu aprendi a minha lição: "A Umbanda é real, é verdadeira e tão tangível quanto a sua fé. Ou a sua descrença".

Nunca mais caí na gira e nem pisei num terreiro. Só 10 anos depois, mas isso fica para outro dia.

Axé!

23 de jul. de 2013

Mediunidade: como surge e o que fazer com ela?


Olá umbandistas, como vão? Quem de vocês leitores é médium? Como descobriram sua mediunidade e como fazem para desenvolvê-la?

Sim, hoje falaremos sobre a descoberta da mediunidade.

Para começar, lembremos que o médium nada mais é do que um meio de ação e comunicação entre o plano espiritual e o físico, somos portadores de dons e habilidades especiais que permitem esta interação entre os planos. Lembrem-se: somos portadores e não detentores, donos etc. O dom não nos pertence, não podemos negar a sua existência ou utilizá-lo para o nosso prazer ou enriquecimento.

Quando o dom surge?
É impossível prever. Embora seja mais comum o "despertar" ocorrer juntamente com o amadurecimento pessoal, ou seja, o início da fase adulta, há inúmeros casos de crianças médiuns por aí. Meninos e meninas fazendo feituras de santo, pregando nas igrejas, tendo clarividências e por aí vai. Isso se deve ao fato de que não devemos julgar a mediunidade pela idade física do sujeito e sim por seu amadurecimento espiritual, algo como a idade do espírito. Não há uma regra definida, um padrão temporal para essas coisas, como um plano de carreira.

E como fazemos para descobrir nossa mediunidade?
Outra coisa completamente sem lógica! Não há um processo ou método para descobrir, ao menos nada que seja 100% eficiente, não na Umbanda. No Candomblé há o jogo de búzios, mas na Umbanda a coisa simplesmente acontece. O mais usual é ouvirmos isso dos Guias durante a gira, eles falam isso indireta ou diretamente durante as consultas, despertando assim a nossa curiosidade sobre o assunto, sobre como desenvolver nossa mediunidade da melhor forma. As vezes - bem comum isso também - a mediunidade se manifesta na gira mesmo contra a nossa vontade. Um bom exemplo disso e eu tenho certeza de que já aconteceu com vários leitores desse blog é esse: você está no terreiro, o som do atabaque vai entrando em sua mente, o coração acelera, dá crise de choro, tremedeira nas pernas e, talvez, você não se lembra de mais nada. Isso é o que eu chamo de ultimato, quando a vida nos manda um recado do tipo "Está mais do que na hora de usar seu dom para ajudar as pessoas".

E o que fazer assim que descobrimos que somos médiuns?
  1. Estude: Leia as obras básicas do espiritismo, principalmente O Livro dos Médiuns, converse muito com as entidades no terreiro, seus pais de santo, irmãos de santo mais velhos, aprenda observando a vida.
  2. Seja ético: o dom que carregamos é para uso em prol do bem e das outras pessoas. Não o utilize para si ou para fins mesquinhos de terceiros, não cobre por isso. saiba impor limites.
  3. Seja humilde: ser um médium não nos torna mais fortes ou mais especiais que outras pessoas. Aos olhos de Deus somos todos iguais.
  4. Pratique a caridade: "Fora da caridade não há salvação", disse jesus.
Gostaram do texto? Deixe seus comentários e nos conte como descobriram sua mediunidade.

2 de jul. de 2013

A melhor herança que poderíamos receber de nossos ancestrais

Olá povo de Umbanda, como estão? Hoje falaremos sobre o grande legado de nossos ancestrais. sim, eu sei que a proposta deste blog é passar para os leitores uma visão vanguardista da Umbanda, contudo para seguir adiante de forma saudável, devemos respeitar o que de melhor o passado nos deixou.

Antes de iniciar nossa conversa, eu quero que vocês assistam este vídeo. Até o final e de coraçã aberto, por favor.



Assistiram? Eu gostaria que vocês deixassem nos comentários as suas impressões sobre o vídeo.

A primeira vez que ouvi este ponto eu estava no carro de nosso irmão Rafael Arruda, que também é autor aqui no Ser Umbandista, e me apaixonei logo de cara pela vibração, o toque simples e o amor que aquelas vozes transmitiam. Foi então que ele me contou que aquele áudio era de uma casa chamada Redandá. Um Candomblé de Angola (ou Candomblé de Caboclos) situado no interior de São Paulo há mais de 40 anos e que foi tema de um documentário. Claro que fui procurar no Youtube e encontrei aqui e aqui. Se eu já estava encantado em ouvir, ao ver me apaixonei.

Dá para ver nos olhos das pessoas seu amor pelos Orixás, sua simplicidade e doçura ao cantar, a entrega total às energias da corrente de orixás. E é exatamente ista a grande herança que nossos ancestrais africanos nos deixaram: o amor, a simplicidade e a dedicação à causa de nossa religião. Tá, somos de Umbanda e não de Candomblé, mas nossa fé é a mesma e nossa liturgia deriva em grande parte do Candomblé, principalmente da Angola.

"Tava dormindo e o tambor me chamou. Acorda brasil, o cativeiro acabou!"

Para você, umbandista que ainda chega no terreiro e fica esperando as coisas aconteceram, eu aconselho a seguir o que este ponto diz. Ouça o tambor vibrar e desperte, não faça de seu acanhamento (ou egoísmo, ignorância, medo etc.) um cativeiro sem fim. Cante, dance e se entregue à gira.

Vibre. É a melhor forma de demonstrar amor à Umbanda e respeito aos nossos ancestrais.


Axé!