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30 de jan. de 2013

O que é Ser Umbandista ?

Boa tarde saudosos leitores, amigos e irmãos de fé.

Quantas vezes ao entrar no blog digitei a palavra "ser umbandista" no meu navegador e comigo pensava :

O que é realmente ser Umbandista ?

Ser Umbandista limita-se em ir nas giras do terreiro ? Em ficar na assistência esperando sua vez de tomar o passe e se consultar ? Ser Umbandista limita se a ser médium ? Dirigente ? Cambono ? Curimbeiro ou Ogã ?

Todos esses cargos, essas condições fazem de uma pessoa Umbandista ? Ter 7 Caboclos, 7 Baianos e Exus, ter uma infinita variedade de linhas e entidades ao dispor faz de uma pessoa um verdadeiro Umbandista ?

Obviamente que não! Nem isso, nem os anos de "branco" faz de uma pessoa poder vestir tal galardão. 

Assim como o terreiro não se limita as 4 paredes da casa onde se situa, ser umbandista não se limita a nada disso acima que citei. Infelizmente as vezes existem mais umbandistas na assistência do que na própria corrente, curimba etc..

Em outros momentos existem mais umbandistas nas igrejas evangélicas, do que nos próprios terreiros, em qualquer outra religião mesmo que não esteja relacionada a matriz africana do que nas tendas e casas espirituais, talvez tenham até mais umbandistas entre os ateus do que em terreiros.

Ser umbandista acima de qualquer dogma, doutrina, forma de trabalho e de culto, é ser e estar prontificado para a CARIDADE com base na humildade e no amor ao próximo, é entender que sua evolução não é diferente da evolução daquele que tem mais necessidades do que você, é entender e praticar que a evolução de um médium não está acima nem a frente da de um consulente que passa com seus guias. Posso até dizer que se for para pesar essa dualidade na balança, pode até ser que a evolução de um consulente esteja mais a frente do que a sua, médium trabalhador, afinal se você tem um missão árdua nos caminhos da mediunidade é porque seu histórico nas vidas passada lá não é dos melhores. Ser Umbandista é pegar na mão do próximo e dizer:

"Vem, vamos juntos eu vou com você ! " Ao invés de somente mostrar o caminho. 

Antes de qualquer conceito ou definição ser umbandista é praticar a evolução coletiva, perceber a unidade dos seres e a ligação de tudo com todos. 

Tomado disso ser umbandista é cultuar o chão onde se pisa ! Talves isso soe pra você até como um fundamento religioso, "cultuar o chão que se pisa". Não me refiro a Terreiro ou ao Ilê Axé, me refiro ao planeta terra, a natureza, aos seres humanos, somos todos parte de um único conjunto, o qual foi descriminado uma ação, uma missão, um aprendizado. 

Não ! Não .. não pense em missões particulares de cada ser, ou na sua missão com a espiritualidade, a síntese de toda e qualquer missão e sentido de vida que temos é: Saber vivermos em harmonia com todas as "diferenças" que possam a vir existir. O caminho para você praticar isso que talvez possa te dar o ar de que é uma missão especial e particular, designada somente a você, quando na verdade a missão de todos são iguais. 

Se você escolher a peregrinação nomade com base no amor ao próximo, tudo bem, sem problema nenhum ! Esse foi o caminho de Ghandi; se você através de sua mediunidade escolher o intercambio mediúnico para prestar a caridade, tudo bem também, Zélio Fernandino e Chico Xavier assim o fizeram. O caminho que escolher é o que menos importará, todos os raios de uma circunferência levam para um único ponto, um único centro, um único terreiro, uma úncia igreja. A da Caridade.

Ser Umbandista é simplesmente amar o próximo e estar disposto para que todos entendam isso.

E você ? É Umbandista ? 

Nós do SU, premiaremos com uma bela camiseta do nosso Blog as 3 melhores definições de Ser Umbandista segundo o texto acima. Para participar é só comentar no Blog ou no Facebook mesmo. 

Que meu pai Oxóssi aponte com sua flecha a direção e o caminho. 

Axé

24 de jan. de 2013

Quem faz a Gira também, é você.


Bom dia amigos, irmãos e leitores do SU. 

Salve nosso pai Oxóssi. 

Cá entre nós, fechem os olhos e imaginem se na seguinte situação. 

O cheiro de defumação por todo o recinto, aqueles pés que ficaram o dia todo dentro de um sapato estão descalços no chão, sua roupa branca e engomada impecável no seu corpo e você refrescado já pelo seu banho de ervas frescas aguarda o inicio dos trabalhos no terreiro. 

Quando menos espera ouve um sininho utilizado pelo dirigente avisando o início dos trabalhos e logo em sequência ouve:

"TUM TUM TUM TA TA TA TUM TUM TUM TA TA TA"

Aquele Barra Vento fino e afinado estralando alto no couro do atabaque seguido por aquela união de vozes cantando em uma só vibração.

"Oxóssi deu Oxóssi dá, Oxóssi deu pra quem sabe trabalhar..."

Por favor se forem imaginar essa cena, imaginem com todos cantando e batendo palmas juntos, ouça as palmas o atabaque e as vozes da pessoa, una isso com o cheio da defumação que falei um pouco acima, com o frescor do seu banho purificante, una isso a vontade maior de estar ali louvando o Oríxá, os caboclos e a Deus para a caridade, sinta aquele momento de êxtase, de nirvana dentro da gira de Umbanda. 

Quando você achar que está no ápice desse momento, ouve as vezes um, as vezes dois ou mais:

"Iêêêêêêêêêêê !!!"

"Iêêê Iêêê !!"

Aqueles caboclos de pena que chegaram de Aruanda, com todo aquele Axé, com toda aquela força, quando ai é você quem sente aquele arrepio na espinha, nos braços os olhos lacrimejam, somando se tudo o que já falei acima, o atabaque, o canto, as palmas, o banho, o brado dos caboclos, o arrepio e ai é você meu amigo quem da passagem pra aquele teu guia iluminado, que quando você de olhos sente-se com a aura expandida, grande, sia cabeça parece um balão.

Meu amigo, meu irmão, a gira não é feita de uma pessoa só, sem o Guia Chefe a gira não é uma gira, sem os Caboclos e seus médiuns a gira não é uma gira, sem os cambones a girá não é uma girá, sem a assistência a reunião será qualquer coisa menos uma gira.

O que traz a força, traz as vibrações em todo o trabalho é a Curimba, os atabaques, os pontos, os toques, pelo ritmo, pela união de todos cantando, pelas letras que fazem você em seu mental imaginarem a cena do caboclo atravessando o rio em cima de um barril, do caboclo atirando sua flecha, de Oxóssi indo a caça. 

Não deixe de cantar um minuto se quer, se doe, vá rouco para o trabalho no dia seguinte e se perguntarem o que houve responda de peito cheio com o axé das matas.

- Cantei até tarde no terreiro e fiquei rouco !

Que Oxóssi meu pai e Iansã minha mãe abençoe a todos.

16 de jan. de 2013

Aconteceu comigo: Espírito no acampamento


O relato abaixo é um pouco extenso, mas agora criarei uma sequencia de fatos verídicos que aconteceram comigo, chamará "Aconteceu Comigo". Você leitor que quiser nos compartilhar um fato, é só nos mandar por e-mails que teremos o prazer de publicar aqui.


Aconteceu comigo. 

Num acampamento escoteiro, por volta dos meus 12 anos de idade, o sítio em que estávamos acampados para receber instruções de campo localizava-se em Paranapanema no interior de São Paulo. Em torno de mais ou menos 25 crianças, dividas em pequenos grupos que dentro do escotismo chamavam-se "patrulhas".

Saímos de Tatuí por voltas das 15 horas chegando no local as 17:30 mais ou menos, tínhamos o tempo de nos despedir dos nossos pais, tirar material de campo das camionetes e arrumar as coisas. Ainda era horário de verão, começamos a arrumar as coisas no campo por volta das 18:20 ainda estava claro, o campo em que iriamos ficar tinha cerda do tamanho de metade de um campo de futebol e íngreme, no alto do campo ficava a sede do sítio e ao lado a casa do caseiro e sua família, do lado oposto da casa descendo o campo ficava um lago, um braço que ligava para um outro riacho há alguns metros a esquerda, uma pequena corredeira. Atrás desse lago havia uma mata, APA (área de preservação ambiental), não podia ser explorada com fins extrativistas, apenas uma mata fechada densa e bastante extensa. Entre esses dois pontos, a sede do sítio e o lado havia um espaço enorme cercado por pastos e exatamente no meio havia  na beira do campo havia uma cocheira desativada.

Bom agora com o mapa do local pobremente desenhado no seu mental vamos ao ocorrido. 

Cada patrulha era comporta por 5 elementos, dois com mais experiência e os outros 3 num nível de aprendizes, os quais eramos responsáveis pela segurança e pelas instruções, as patrulhas deveriam escolher um local nesse vasto campo para abrigar-se, ficando uma distante da outra, minha patrulha então decidiu ficar bem perto dessa cocheira, ela estava desativada por um bem tempo, poderíamos em caso de forte chuva guardar alguns suprimentos ali se fosse preciso. Colocamos nossas mochilas ali e cercamos nosso campo com estacas de bambu e cisal, numa medida de 4mX6m, dentro desse limite montaríamos as duas barracas, o campo do lenhador, e o toldo para reuniões. Havia perto dessa cocheira uma mangueira enorme e linda, onde pegamos algumas mangas e descansaríamos em sua sombra.

Acampamento montado, cada patrulha no seu espaço e tudo e todos já muito bem acomodado, beirava as 20h com o chefe responsável pelo grupo da um apito de dois toques, o que para os escoteiros significa que ele quer falar com os monitores das patrulhas, os mais velhos, corri ao encontro do chefe, deixando os novatos aos cuidados do Sub Monitor Edinho, apresentei me e o chefe, nos deu o recado:

-Preparem a cozinha de vocês e comecem a fazer a janta, os noviços devem já tomar banho para nos recolhermos até as 23h pois amanha teremos bastante atividades.

Fui até nosso campo e passei o recado, Vitor, Rodrigo foram acompanhados do Sub Monitor para a sede do sítio onde esperariam pela vaga do banheiro, eu e Thiago ficamos no campo arrumando o fogareiro, o lampião e a janta, assim que parte da patrulha chegasse revesaríamos a preparação da janta.

Todos já alimentados, prontos para o descanso, o campo estava quase que numa escuridão total, conseguíamos avistar o campo das outras patrulhas apenas pela luz do lampião, nos comunicávamos com faroletes pequenos, dando sinais de que estava tudo bem e que já íamos nos recolher, todos estavam bem.

Até ai tudo corria normal, não relatei aqui um fato, nossa patrulha tinha a terrível fama de desordeira, bagunceira, que ficava cantarolando até tarde e rindo até o amanhecer, já havíamos levado uma chamada de atenção para que não ocorresse nenhum comportamento desse tipo, ou se não seria nosso último acampamento. 

OK, faríamos diferente dessa vez, pois apesar de sermos bem bagunceiros eramos uma das patrulha que sempre tinha bom desempenho nas trilhas e pistas de ralo, faríamos jus a essa posição.

Quem já acampou sabe bem o que é dormir no mato, todo som fora da barraca ganha proporção a mais do que realmente é, não foi diferente dessa vez, grilos, pequenos sapos e rãs do lago, folhas que batiam ao ventos em outras folhas, galhos fazendo ruídos um festival de estimulo para uma imaginação fértil, passava das 23 horas quando começamos ouvir passos em volta da  barraca, não só passos como silhuetas tomando forma através da lona da barraca, a pessoa deu algumas voltas pela barraca, parou em frente. 

Isso era uma coisa normal, os chefes faziam vistoria nas barracas e nos campos durante a noite, para ver se estava tudo em ordem e também como responsável de todos.

Edinho então diz da outra barraca:

-Chefe Camilo, está tudo bem com agente pode ir. 

Nenhuma resposta foi dada, prezou então um silencio entre as duas barracas, quebrei o silêncio falando da barraca que eu estava:

-Chefe, está tudo bem aqui. 

Continuou um silêncio, um pouco incomodo. 

- Edinho, estão todos ai com você na barraca ?

- Sim ! E na sua ?

- Também. 

Achei por um momento que fosse alguém de outra patrulha tentando sabotar a nossa, tirando algum espeque da barraca, ou desfazendo alguma amarra, para assim perdermos ponto na vistoria matinal, Edinho então abriu o zipper da barraca e sua lanterna para ver quem era, logo após ele sair me chama para fora.

- Cara não tem ninguém aqui !

- Edinho volta a dormir se pegarem agente aqui perdemos pontos, deve ser alguém de outra patrulha com certeza.

O dia amanheceu e logo foi dado o apito para os monitores irem até a chefia, chegando lá de cara bem fechada ouvi diante de todos os monitores:

- Rafael, quem ficou fora da barraca no seu campo a noite toda ? O Chefe Thiago estava fazendo a vigia nos campos e quando ele passou pelo campo do João Armando viu algum de vocês fora, e isso se repetia quando ele ia pra outro campo. Nós já não havíamos conversado sobre regras. 

- Chefe não era nenhum de nós, achei que fosse o senhor fazendo vigia, não era ninguém da nossa patrulha, palavra de escoteiro ! (Sim podem rir de mim..eu falava muito isso)

Voltei um pouco irritado para nosso campo e contei o fato para os outros que ficaram indignados também, nada tirava de nossas cabeças que alguém estava nos sabotando a noite, como estava muito escuro ninguém conseguiu ver quem era realmente. A noite de sábado chegou, dormimos e nada de estranho aconteceu dessa vez, até acordamos e sair da barraca. Ao chegar no toldo onde ficavam os mantimentos e panelas, vimos tudo bagunçado, panela fora de lugar, talheres, copos, bambus, uma bagunça. 

- Eles estão pedindo pra gente pegar pesado hoje, disse Edinho. 

- Cara calma, vamos arrumar isso e hoje a noite agente faz o que sabe fazer de melhor.

O almoçou foi encerrado e nesse dia de forma coletiva, todos foram para de baixo da mangueira perto do nosso campo, nos atentos a todos eles querendo descobrir qual era o engraçadinho de uma outra patrulha que estava a nos sabotar. Meio a conversa nesse descanso membros de outras patrulhas começaram a reclamas de bagunças feitas em seus campos,  pessoas que o invadiram durante a noite e ficaram passando por trás da barraca, casos iguais ao nosso. Fomos nos dando conta então que isso tinha acontecido com todos, e então como crianças agora e não como escoteiro começamos a ficar assustados. 

Os monitores se reunirão com o Chefe Camilo e contaram todo o fato, nessa reunião estava mais dois chefes, Chefe Thiago e Chefe Luís Fernando, após cada um relator o que houve em particular nos seus campos, vimos um estranho semblante no rosto deles. Chefe Thiago então sugere encerrar as atividades no domingo mesmo, antecipando o termino do acampamento. Isso deu um ar mais misterioso e sinistro ainda, fomos dar a noticia ao restante do grupo que estava em baixo da mangueira e os chefes se reunirão para conversar entre eles. 

- Vamos levantar acampamento, o Chefe Camilo irá encerrar a atividade.

Como assim ? Porque ? Não acredito. Foram essas as palavras ouvidas e ditas por todos ao receberem a noticia. 

Auhi Auhiiiiiii 

Uma voz fina e de criancinha emite esse som. 

- De onde veio isso ? 

Edinho:

- Da cocheira !

Entremos la e nada ! Somente um arrepio que correu da ponta da cabeça até o final da espinha. 

Saímos da cocheira pálidos e brancos, quando sem saber de onde, mangas foram atiradas no grupo ao som de:

Auhi Auhiiiiii

Não foi uma ou duas pessoas que ouviram, foi o grupo todo, que diante disso, todos sem exceção de ninguém sai correndo do toldo da chefia para contar. 

O Chefes nos acalmaram, nos ampararam e só então nos demos conta da presença sobre natural nesse sítio, arrumamos acampamento e fomos embora, mais tarde viemos a saber que naquele local, foram encontradas urnas com ossadas indígenas e ficamos todos admirados com o fato, surpresos e achando o máximo, agora já não com tanto medo até pensando em voltar lá. 

Bom isso foi há muito tempo atrás, numa outra cidade com pessoas diferentes das quais eu convivo hoje. 

No inicio do meu desenvolvimento mediúnico achava tudo muito estranho, muitas dúvidas, muita falta de fé nos guias, estava eu numa gira de Baiano preenchido de incertezas, no meio dos médiuns incorporados com seus guias dessa linha, um deles da passagem para um Erê, uma criança. 

O Erê vem até onde eu estava e como que um caboclinho brada na minha frente:

Auhiiiii 

Auhii ! 

Diante disso, o filme do acampamento inteiro passa na minha mente, detalhe por detalhe, fato por fato, eu parado vendo o esse Erê na minha frente, fiquei gelado, sem pensar em nada, simplesmente não acreditando nisso. Ele vem até mim e diz:

- Quando eu vier da próxima vez você me traz uma manga, tá ! 

Eu realmente nunca vou esquecer isso, quem era essa criança? Não sei !

Quem era a entidade que emitiu esse som naquela época no sítio ? Também não sei !

Se era a mesma entidade ? Também não sei. 

O que sei é que eles estão sempre presentes em tudo e uma hora ou outra irão se mostrar no nosso dia a dia como puderem, tenha você fé ou não. 

Que Oxóssi abençoe a todos. 

14 de jan. de 2013

Fazendo planos para o terreiro em 2013

Preparados para 2013?
Bom dia umbandistas, como estão?

Na última semana eu falei sobre como encerramos o ano em meu terreiro e fiquei lhes devendo algo sobre o ano que se inicia. Pois bem, hoje falarei sobre as expectativas de um pai em relação aos seus filhos.

Todo começo de ano eu imagino uma situação ideal para o terreiro. Com todos motivados, aprendendo, cantando, se doando e fazendo a caridade. imagino giras quinzenais (atualmente acontecem a cada 21 dias) com algumas sessões reservadas apenas para o desenvolvimento dos médiuns, sem visitantes. Todos libertos de suas vaidades e contribuindo para a ordem do templo. Seríamos um exemplo a ser seguidos. Imagino isso o tempo todo, mas principalmente no início do ano. É a situação ideal.

Após isso eu coloco novamente meus pés no frio chão da realidade e vou mensurando os fatores que impedem a imediata realização dessa situação ideal. Vou me lembrando que escrevi uma apostila que ninguém leu - embora tenha sido muito elogiada por pessoas que não são do terreiro - e que repito as mesmas canções em toda gira, mas a maioria se recusa a aprender porque não treinam durante o intervalo entre uma sessão e outra. Me recordo das vezes que tenho de repetir mil vezes as mesmas broncas, relembrar as decepções pessoais que tenho ocasionalmente com certos filhos me faz querer abandonar tudo, me vingar até. E perco as esperanças.

Fico triste e com vontade de abandonar tudo: religião, filhos, terreiro, responsabilidades... E é nessa hora que começo e recordar daqueles sorrisos, dos momentos mágicos que criamos juntos, das barreiras que cada um deles derruba para estar na comunhão do templo, do esforço que fazem para superar suas limitações. Então a vontade se renova, a alegria anula a tristeza e eu saio do estágio emocional e passo a raciocinar de forma mais lógica, planejar o ano, definir ações e mudanças. e o ano segue, acumulamos vitórias que se sobrepõem às perdas.

Fico imaginando se meus pais pensam assim em relação a mim e meus irmãos, se todos os pais pensam assim. Umbanda não é fácil... e se fosse, talvez não seria tão gostosa.

Axé.
 
P.S.: Estão todos convidados para a nossa festa de Oxossi!
 
 

7 de jan. de 2013

O que compõe a melhor gira do ano?

Olá umbandistas, como estão?

Em nosso primeiro texto de 2013 eu não falarei das pretensões desse blog ou de meu terreiro para o ano que se inicia, vou aproveitar o espaço para deixar um relato de como foi a última - e uma das melhores - gira de 2012, o nosso encerramento da esquerda. Na verdade esta foi a melhor porque foi a somatória de tudo o que vivemos durante o ano. É, foi a melhor, definitivamente.

Para quem não sabe, o terreiro que dirijo fica em uma chácara afastada de tudo. Para chegar lá são alguns quilômetros percorridos numa estrada de terra que em dias de chuva fica quase intransitável e naquele final de semana a chuva estava presente (e forte!) desde a quinta-feira, agora imaginem a situação do lugar. Eu e meus pais já contávamos com um cancelamento da sessão ou com uma gira feita por apenas 3 pessoas.

"É... eu acho que não virá ninguém nessa chuva, o jeito é você chamar o Sr. Marabô para fechar a casa, nos dar um passe e pronto. Encerramos o ano", disse meu pai.

A chuva não parava.

Foi quando ouvi som de carro no portão, o abri a lá estavam meus filhos espremidos no automóvel de um deles. Uma filha minha me disse "Eu e meu irmão estávamos vindo a pé. Não perderíamos essa gira por nada!" e eu ainda boquiaberto quando outros carro chegaram com visitantes, alguns deles vindo pela primeira vez à nossa casa.

O resultado foi uma gira descontraída, leve (embora de esquerda e com muitos descarregos), feliz, perfeita! Todos ali desempenhando o seu papel, com espírito de doação, com o corpo e alma leves de quem venceu barreiras para estar ali. Desse jeito despretensioso todos abriram suas mentes e seus corações para os Orixás trabalharem. Cantaram, se dedicaram ao máximo... me orgulharam como jamais haviam feito antes, e olha que a gira anterior foi nada menos que a Festa de Iemanjá!

O que aprendi dessa gira foi que quando superamos dificuldades e não pensamos em nossos próprios problemas, tudo acontece de uma forma magistral, cristalina, perfeita. Os guias querem simplicidade, querem desapego de cargos, indumentárias e grandes oferendas, querem filhos leais e de coração aberto. Só.

A alegria estava tão grande no plano físico e no espiritual que mesmo após os visitantes partirem, nós nos reunimos e iniciamos tudo de novo com os Guias da direita! Ninguém queria que aquela gira terminasse.

Faço votos que todas as giras sejam assim e todos os terreiros tenham filhos como os meus. axé!

PS: estão todos convidados para a nossa festa de Oxossi no Santuário Nacional de Umbanda.

A Festa de Oxossi do Portal dos Orixás será dia 20/1/13 no Santuário Nacional de Umbanda