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8 de jun. de 2012

A CADEIRA


Fé significa "acreditar naquilo que não se pode ver", mas como nós somos em grande maioria seres visuais, como proceder neste impasse? 

A resposta está no apoio visual. A criação de elementos que nos ajudem, através da visão, a compreender a grandeza do invisível. Na prática, dentro dos templos, são as imagens, cruzes entre outros objetos que nos remetam ao Santíssimo, aos Orixás e Forças Superiores, assim podemos olhá-los e ativar em nosso interior a percepção de que não estamos sós, abrimos nossa mente para sentir as energias que nos cercam. Um primeiro exemplo interessante: um Orixá dá a uma pessoa o seu fio de contas (guia) para que ela utilize ao desempenhar determinada tarefa. O fato da pessoa estar utilizando um cordão de nylon com centenas de miçangas não resultará em maior habilidade ao indivíduo - por mais imantado de energias que possa estar. Mas o fato da pessoa estar de posse do objeto faz com que ela se abra ao Divino e receba as suas influências, aumentando a sua confiança e atraindo boas vibrações.

Para isso servem os símbolos e objetos no Templo. O que nos leva ao objeto-título deste texto: a cadeira.

A casa que ajudo a cuidar, o Portal dos Orixás, teve como congá (altar) durante muito tempo uma cadeira e um copo de água. Quando por muito tínhamos uma vela acesa, mas a união entre as pessoas superava a barreira do visível. A fé ali era tão grande que não havia necessidade de um altar grandioso com imagens enormes e com lugares cativos, graças a este amor ao que realmente importava - o espírito, não o gesso - não havia discussões sem sentido, afinal na Umbanda o que é belo e impactante é justamente o que não se pode ver, mas sentir. E só se sente quando abrimos o coração e isso só se dá com fé.

Uma cadeira e éramos felizes... as vezes eu penso seriamente sobre a necessidade dos terreiros de crescer. Para mim devemos pensar se o crescimento nos unirá mais ou não. Se um altar cheio de imagens em vez de uma simples cadeira nos ajudará a seguir a nossa missão ou criará discussões inúteis sobre onde devem ficar cada imagem de barro industrializado.



Para mim a Umbanda ainda é questão de 4 coisas: Fé, Foco, Bom Senso e Simplicidade.

Axé e que Xangô os ilumine.

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