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17 de mai. de 2011

SIMBIOSE




Podem comparar a função de Pai-de-Santo a qualquer uma: professor, guru, conselheiro, educador etc. mas nenhuma serve tão bem quanto a função de pai. O terreiro é como se fosse uma casa, com pai, mãe, irmãos, padrinhos, afilhados, visitantes, parentes entre outros. Deve ser administrado como tal, com sua hierarquia bem definida, afinal de contas em toda casa há alguém que manda seja o pai ou a mãe. Quem aqui nunca ficou confuso quando criança e pediu algo para o pai e obteve a resposta "Peça para sua mãe", foi até a mãe e ouviu "peça para seu pai", não é? No terreiro é a mesma coisa, por mais que haja cargos similares como de Pai-Pequeno e Padrinhos ou Mãe e Pai-de-Santo, há sempre um que dá a última palavra em todos os assuntos, por mais que possa delegar autoridade quase irrestrita aos demais. A relação entre os dirigentes deve ser de harmônica simbiose, a comunicação precisa ser clara e direta para que não haja temores na tomada de decisões quando da ausência de um dos membros, em especial o grão-responsável pela casa. Por mais que os dirigentes possam vir a ter visões diferentes sobre a condução do rebanho, devem se lembrar de que todos foram escolhidos por entes superiores, pelos Sagrados Orixás que confiam na capacidade de cada um deles e sabem que suas visões embora aparentemente divergentes irão convergir mais adiante pelo bem da religião e graças ao amor que todos tem pela causa a qual se entregaram.

No terreiro que co-dirijo (não estou no degrau mais alto da hierarquia, por mais que temporariamente seja eu o responsável por puxar a gira) sou conhecido por ser um pouco duro e por não dar brechas para relaxos dos fiéis, ao passo que a Mãe-de Santo é conhecida por sua doçura de menina, o que que acarretou durante algumas passagens de nossas vidas certas faíscas entre nós, porém agora que estou encabeçando as giras sem a presença (mais do que sentida) da dirigente maior do templo eu passei a perceber a lacuna deixada pela doçura de minha Mãe-de-Santo. Isso não quer dizer que eu tenha abandonado minhas posturas, mas não sou completo, nem ela. ninguém é. Me sinto desnudo ao abrir uma gira sem no mínimo o Padrinho ao meu lado. Éramos quatro inseparáveis há quase uma década atrás, hoje infelizmente nossa Madrinha se foi, está tocando outras missões em sua trilha, mas a simbiose entre os que restaram continua, precisa continuar por mais que os entendimentos sejam diferentes a missão é a mesma, o amor é o mesmo.

Sem a doçura de Mãe Raquel e a simplicidade de Padrinho Peninha, eu sou apenas dureza. Nada mais.

Axé.

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