Segui firme por várias giras, atravessei a quaresma e unifiquei o que sobrou do rebanho, entretanto havia uma ponta solta fundamental: não estava alinhado com a dirigente superior - e licenciada - da casa. A festa de Ogum, de Ciganos e Pratos-Velhos, os descarregos e passes foram maravilhosos nesse período, ministrávamos aulas sobre espiritismo em parcerias com centros kardecistas, após os trabalhos sempre rolavam agradáveis conversas, mas ainda faltava o alinhamento a que me referi no post passado. A Mãe-de-Santo e eu não partilhávamos das mesmas ideias e havia uma aura de substituição dela por mim, algo velado que ninguém ousava falar e eu não consegui perceber.
Na festa de Xangô, em Junho, ela enfim voltou. Brigamos e só não abandonei tudo porque sempre fui leal aos princípios que prego: meu compromisso é com os que necessitam e necessitarão de ajuda, nenhuma outra pessoa ou Orixá me desviaria disso. Recolhi meus cacos e segui firme. Sangrando, mas ainda de pé. Esta rusga mim e ela perdurou silenciosa até pouco tempo, uma pequena bomba sempre ameaçando explodir, algo como uma velha cicatriz que sempre dói em dias frios.
Mas o tempo é o senhor da razão, ele nos faz mudar nossa maneira de pensar e agir. Paramos para pensar e notamos que além de dividir uma casa, partilhamos o mesmo sangue e criação, somos exemplos para pessoas com o dobro de nossa idade e isso é algo infinitamente maior do que qualquer vaidade. Todavia revivo no calendário os mesmos momentos que passei há três anos, porém com a grande diferença: estamos todos em paz.
Meu medo? A Mãe-de-Santo nos visitará depois de meses sem poder fazer isso e quero que tudo saia perfeitamente bem. É um medo justificável de quem quer ser o orgulho da família.
Axé.