Olá irmãos de fé, como vão? Na semana passada, após muito tempo sem escrever aqui, achei que fiz um texto demasiadamente denso, árido, por isso hoje vou contar-lhes uma história de terreiro minha, talvez a mais engraçada de todas.
Considerem este como uma continuidade destes dois textos:
Recapitulando: eu conheci a Umbanda com 7 anos de idade, fiquei 10, 11 anos longe dela até me reaproximar de minha irmã e começar a ter contato com os Guias que ela recebia, me consultar, ficar curioso e cair na gira, ainda sem termos um terreiro.
É aqui que começamos de novo.
Éramos cinco - encarnados, sem contar os espíritos, claro. Minha irmã (também minha Mãe de Santo), seu marido na ocasião, a Daiane, o (Pai) Peninha e eu. Esses últimos três, inseparáveis e curiosíssimos sobre os propósitos da Umbanda, sua aplicação, história, limites, processos e rituais, tudo.
Mas antes disso quero que vocês entendam (e vislumbrem!) o cenário: não tínhamos um templo, não fazíamos rituais, sequer abríamos giras ou consultas. Éramos cinco. Seis na verdade, mas a irmã da Daiane acabou se mudando de cidade e pouco a vi nos últimos 10 anos. Como minha mãe (hoje minha filha de santo, assim como meu pai) não gostavam nada dessas "macumbarias", a gente se reunia onde e quando dava, quase sempre - vejam vocês - em um quartinho em forma de L adjunto à casa de meus pais. Minha irmã incorporava quase sempre o Capitão Alemão (marinheiro e entidade mais icônica de nossa casa desde sempre), vez ou outra suas Pombagira ou Sr. Severino boiadeiro e ficávamos conversando sem notar que o tempo passava.
Àquela altura eu já sabia que era protegido do Dr. Zé Pelintra (contarei isso no próximo texto desta série) e, cheio de coragem, decidi que iria me desenvolver. Lembrem-se de que estávamos em um quartinho, não estávamos de branco e nem nada. Naquela noite eu estava com uma bermuda de tactel azul e larga na cintura (era do meu irmão mais velho) que vivia sendo puxada para cima por mim afim de evitar o pior. Mesmo assim fui.
Eis que naquela hora minha irmã recebe o Zé Pelintra (um dos, são muitos e tal, todo mundo sabe, ela trabalha com o Seu Zé em raras ocasiões) que me coloca para girar com o Zé que trabalha comigo até hoje. Caí na gira novamente, era a mesma sensação de torpor de quando eu era criança, a mesma paz e energia, eu debutando na Umbanda e assumindo o compromisso que sustento até hoje, definindo o meu destino na irradiação de Sr. Zé Pelintra. Eu saí de mim, levitei espiritualmente e sequer me sentia girando. Foi lindo.
Lindo até eu abrir meus olhos, pois quando isso aconteceu vi a Daiane o o Peninha segurando o riso (em respeito aos guias, não à mim). Foi aí que olhei para baixo. Lembram daquela bermuda que citei? Ela estava no chão, cobrindo meus tornozelos, somente eles. Que vergonha.
Que bela maneira de incorporar um respeitoso guia de luz, não? Vai ver é por isso que não tenho vergonha nenhuma de de dizer a todos qual a minha fé, de andar de branco por aí, de cantar ponto de Umbanda na rua, de ir pro emprego com uma camiseta com Orixá estampado. Eu já girei de cuecas, do que mais terei receio?
Alguém tem alguma história engraçada em relação à umbanda? Compartilhe com a gente!
Axé!