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30 de set. de 2011

CAPACIDADE




Quando os Orixás me olharam e me mandaram zelar por sua casa e filhos eu não gostei, confesso. Me achava despreparado e leigo demais, jovem demais pra gerir pessoas mais velhas do que eu, seus conflitos e dissabores, lidar com a vida de uma porção de pessoas carentes de ajuda e atenção. Porque é fato: a maioria das pessoas só recorrem a um terreiro quando estão em desespero, quando acham que Deus lhes virou as costas ou quando por si sós já não conseguem alcançar seus objetivos e pensam que fazendo um despacho a solução virá. Me achava pequeno demais para mudar essa situação, com toda razão.

Mas como sempre descubro que o tempo é senhor da razão e o astral está sempre certo, aprendi que nunca estive pronto mesmo para resolver todos aqueles problemas, mas aprendi também que não cabe a mim resolvê-lo, minha parte é ensinar as pessoas a pensar e a notarem que quem faz as coisas por elas são elas mesmas. do contrário, para que o livre arbítrio, tido por todos como a maior dádiva concedida aos homens por Deus? Meu discurso é simples:  ninguém fará nada por você, nem homem e nem Orixá. Estão todos aqui para ajudá-lo, para te indicar o melhor caminho que você trilhará. Só isso.

Um discurso simples que implica em ações longas e muitas vezes duras. Minha proposta sempre foi a de tirar as pessoas de sua zona de conforto, de ensiná-las - médiuns e assistência - que nem sempre eles ouvirão o que esperam ouvir e que podem mesmo assim ficar bem com aquilo que precisam, não aquilo que querem. Pode até ser que nas primeiras vezes não se sintam "abraçados" pelo sacerdote, mas verão que estão se tornando muito mais capazes do que eram quando mimados, quando tinham apenas o pão e o circo.

Me chamem de frio, de excessivamente pragmático ou o que for, mas pensem: vocês se sentem mais capazes?

Axé.


20 de set. de 2011

CAÇADORES DE AXÉ



Uma vez estava conversando sobre Umbanda com uma conhecida, estávamos no msn numa conversa agradável e despretenciosa enquanto ela falava de suas religiões: Umbanda, Quimbanda e Candomblé. Até aí tudo bem, eu estava aprendendo um pouco mais sobre as diferentes liturgias e culto aos Orixás quando fiz questão de falar que eu nunca havia passado por nenhum tipo de ritual de iniciação na Umbanda como batismo, feitura de cabeça, Borí ou coisas afins e mesmo assim conquistei o respeito das entidades de luz e os Orixás nunca haviam me cobrado. Nessa hora ela disparou: "Mas isso não acontecerá jamais, porque umbandista não tem Orixá". Não discuti, cada um tem a sua crença e não cabe a mim converter ninguém, até porque aprendi na Umbanda que não existe religião errada e nem religião certa, todas estão caminhando  - cada qual em sua velocidade - para a parfeição, assim como os homens que as formam. O certo mesmo é a religiosidade, não a religião. Deus é um só, não importando como ele é chamado ou em quantas personalidades o dividimos, somos parte dele e por isso considero Deus como sendo de tamanho e quantidade incontáveis.

Fato é que após aquela conversa - que se encerrou após aquela frase, diga-se de passagem - comecei a refletir sobre as motivações de cada um para aceitar uma ou mais religiões. Percebi que das pessoas que já falaram sobre isso comigo, apenas uma minoria escolhe uma religião para buscar Deus e outra fração ainda menor está numa religião porque já encontrou Deus e vai para compartilhá-lo com quem precisa. Já a fatia mais farta engloba as pessoas que tem medo do destino de sua alma caso não faça parte de uma ceita, seja ela qual for. Neste meio também contabilizei as pessoas que buscam uma solução para a sua vida, que querem se livrar de dívidas, de brigas e outras coisas mais. São os que vão em busca de milagres e que em sua maioria acreditam que simplesmente estando dentro de um templo, orando ou pedindo a um Orixá as coisas acontecerão.

E há tembém o grupo mais curioso, o das pessoas que desejam sentir energias que as balancem, que almejam participar de toda sorte de rituais que lidem com as forças mais densas possíveis, não importando a finalidade, elas querem é sentir o Axé. São os "Caçadores de Axé". São pessoas que infelizmente acabam no Candomblé guiados pela riqueza ritualistica dessa religião maravilhosa, que pela sede de poder que as magias milenares da Mãe África traz acabam maculando a imagem dessa religião. Não raro essas pessoas dizem "Umbanda? Isso aí é fraquinho demais para mim, é tão parado...". Ou então imploram para adentrar numa corrente e desenvolver sua mediunidade porque acham muito legal perder o controle do corpo.

Para que isso? Quem quer agitação, vá a uma festa. Quem quer perder o controle do corpo, basta ir a um beco escuro. Sei que lá haverá alguém com um pacote pequeno que, por um preço, resolverá a sua vontade de descontrole. Tudo é questão de foco e o foco da Umbanda é a caridade, é a doação.

Se você entrou ou quer entrar para uma religião pense bem o que você deseja dela e o que ela promete lhe dar. Até hoje a Umbanda não me prometeu nada. E foi por isso que a escolhi.

Axé.

2 de set. de 2011

BRAVO SENHOR!



Vez ou outra eu paro pra pensar: "Nossa, tenho 25 anos e sou um líder espiritual para uma série de pessoas". De fato sou, não por querer, afinal de contas o título e o ônus me foram outorgados pelo astral e tenho que dar o meu melhor para fazer as pessoas felizes e capazes e assim as engrenagens da vida e da espiritualidade continuarem girando. Penso sobre liderança, em como motivar as pessoas e mantê-las nos trilhos certos, mas mesmo assim algumas pontas acabam escapando inevitavelmente. Como a ponta do meu pai - de sangue mesmo e cambone da casa - que foi vencido pelo alcoolismo a vida toda, se recuperou clinicamente, se perdeu de novo, se reencontrou na fé umbandista e foi tombado novamente pelo vício.

Com ele aprendi a ser homem, nele tenho um exemplo de fé irrefutável a seguir e por isso me frustrei ao saber que estava caindo em derrotas novamente. Que filho sou eu que não consigo ajudar meu pai? Que pai sou eu que não consigo ajudar meu filho? Se me elevaram ao grau de pai é porque eu tenho o dever de agir quando um filho necessita, não é? Senti que ia falhar, que não conseguiria ajudar meu filho a vencer um vício que o derrubava há anos.

Foi então que Zé Pilintra apareceu. Dr. Zé Pilintra, Sr. Zé Pilintra. Veio virado pra ajudar um outro filho que padecia, mas depois foi até meu pai para terem uma conversa. Seu Zé me deu parte de consciência ali, talvez para me mostrar como se faz ou para me dizer que ele estava lá durante todo tempo e sempre estará quando eu precisar. Não consigo me lembrar das palavras, mas sentia a veemência delas retumbando em meu pai/filho, os olhos dele brilhando marejados de lágrimas, era como se Seu Zé o tocasse por dentro e retirasse o medo e só deixasse coragem, assim ele não mais se esconderia atrás de uma garrafa.

Forte, direto e bravo, um Bravo Senhor. Jamais me esquecerei daquela aula que tive e que culminou com uma sessão de descarrego na qual Ele gingava capoeira e quebrava as demandas. eu não vi, mas senti tudo aquilo e os poucos que viram guardam segredo da solenidade do momento. Mas algo que vi ontem eu faço questão de contar e mostrar.


MOJUBÁ: "Graças ao meu padrinho estou limpo de novo. Agradeço a ele e todos os amigos dele...
MOJUBÁ: "O importante é ter fá porque somos movidos por ela"

Recados que ele deixou em meu orkut. Naquela hora a nuvem em minha cabeça se dissipou, era Deus agindo, Sr. Zé Pilintra trabalhando em nome dele.

Axé.