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30 de dez. de 2011

2011


Um ano. Este foi o período da gestão do terreiro coordenada por mim e por Pai Anderson de Oxalá (Pai Peninha), a primeira vez que assumimos a casa de uma forma unificada e não conflituosa a casa do Senhor Xangô das Sete Cachoeiras. Foi um desafio e tanto, algo que sempre esperei, até para poder testar minhas ideias de como gerir uma casa espiritual, era a minha chance de cercear maus hábitos e de ensinar aos iniciados a praticarem uma Umbanda mais leve e menos deturpada por artifícios, ensiná-los que ser é melhor do que ter, que um apetrecho não torna uma entidade mais poderosa e que a disciplina e o conhecimento os tornariam melhores. Foi essa a minha intenção.

Assim como afirmou Platão, existimos antes de tudo no plano das ideias, o reino das intenções e dos planejamentos onde tudo acontece de forma perfeita, conforme - obvio - o planejado. Contudo as ações, ao contrário das ideias que dependem apenas uma mente, as ações reais sofrem a interferência de outras pessoas com igual livre arbítrio e é aí que se iniciam as decepções e o aprendizado. Aquilo que planejei não foi muito bem absorvido pela maioria e completamente rejeitado por muitos, que saíram logo - que bom - e eu persisti. Pensei em desistir praticamente em todas as semanas que sucederam as giras porque a pressão era enorme e estava começando a me custar amizades importantes. Todavia outras amizades de valor infinitamente maior me apoiaram nesses momentos, é o caso de meus companheiros de batalhas e conselheiros Pai Anderson, Leandro Hiroyuki e meu pai e Cambone Esequias (Mojubá), além de minha esposa e cunhados que me ampararam quando vacilei e dei margem para uma onde de críticas que quase me derrubaram como pessoa e como dirigente espiritual.

Foi um ano de altos e baixos e felizmente os momentos altos marcaram mais dos que os dignos de deméritos. Ainda hoje quando paro para me lembrar dos momentos em que todos oraram em uníssono e cantaram idem, contribuindo não apenas para a própria firmeza, mas também para o desenvolvimento dos demais irmãos, seus sorrisos e seu fervor eu ainda me arrepio como se estivesse lá vivendo aquele momento pela primeira vez. Apesar da resistência, nosso templo é composto de pessoas muito talentosas que dão uma tremenda canseira em seus zeladores espirituais, mas com o tempo e repetição acabam aprendendo.

Repetição. Algo que eu odeio, ainda mais numa relação entre pessoas adultas, mas que foi necessário para para progredir com o planejado. Mais que isso, eu diria que foi essencial, um fator crítico do sucesso do planejamento. Não podíamos deixar que readotados os criados desvios de conduta que lutamos para execrar. Felizmente está dando certo, mas ainda há muito mais o que fazer. Trabalharemos as bases e assim evoluiremos para práticas mais sofisticadas da vivência espiritual, contudo para chegar lá inevitavelmente algumas cabeças rolarão e outras voltarão a ativa. É quebrar os ovos para fazer um omelete.

Planejamos, fizemos, checamos e agora analisamos o que foi feito. Meu ex-chefe, Carlos Basso, me disse uma vez que o ciclo PDCA pode ser aplicado ao dia a dia. E não é que ele estava certo?


O barquinho já foi entregue, agora é planejar 2012. Axé.

16 de dez. de 2011

DECEPÇÕES


Estava aqui pensando sobre Jesus. Eu nunca li a Bíblia, conheço sua história através de filmes, outros livros, histórias que as pessoas contam. Fico me questionando se outra pessoa faria o que ele fez: se dedicar a vida inteira a uma causa, ajudar a todos, pregar a paz e a retidão de caráter, amar seus semelhantes e mesmo assim ser traído pelo seu povo.

Deve ter sido realmente agoniante olhar para as pessoas e saber que elas tem potencial para fazer coisas incríveis porque ele já as viu fazendo e mesmo assim observá-las entrarem solenes na rota contrária do que é certo. Ele se esforçou ao máximo para plantar um pensamento dentro daquelas pessoas, eu admiro isso. Mas não sei se conseguiria ter tamanha grandeza em relevar os atos de egocentrismo e primitividades daquelas pessoas. Eu me cansaria de lutar por elas logo no primeiro ano.

Jesus é um grande espírito. Oxalá também, por isso o sincretismo. Eu não e nem sei se serei um dia.

"Pacta sunt servanda"

2 de dez. de 2011

MEU PEDIDO


Amanhã, dia 3/12/11, é dia de gira no templo. A antepenúltima do ano, uma preparação para os encerramentos - da direita com a Festa de Iemanjá e Iansã no dia 10/12/11 e o encerramento da esquerda no dia 17/12/11. O ano está acabando e com ele começo a colher lembranças do que passou, mas isso é assunto para daqui algumas semanas, até lá terei muito mais lembranças para colher.

Fato é que eu ainda estou inebriado com a energia boa da última sessão, com toda aquela harmonia e união dos irmãos finalmente agindo como fraternos espirituais. Enfim! Aprendi naquela noite que sou nada perante a vontade coletiva, que se meus filhos quisessem continuar se comportando como crianças desordeiras nada os impediria. Não fui eu quem gerou aquela união, foram eles e tão semente eles! E é isso que me comove, porque me sinto como se eu tivesse passado um ano atirando numa rocha com um estilingue e finalmente aquela pedra enorme se tocou. Parou para refletir sobre a sua função e rolou solene de acordo com o fluxo natural das coisas: harmônica e coordenadamente no sentido da luz.

Meu desejo é de que aqueles momentos se repitam amanhã e sempre. Que meus filhos aceitem o fato de que são um meio, um canal de comunicação entre o plano espiritual e o terreno e que é se doando que serão felizes de forma verdadeira e duradoura. que entendam que a função do terreiro não é resolver seus problemas e sim ajudar para que cada um possa se tornar forte mental e espiritualmente e assim resolver seus atritos por si. desejo que ao orarem eles agradeçam pela força de conquistar soluções e não pelos problemas que o astral resolveu.

Espero que a gira passada me tenha sido um sinal de que as coisas estão melhorando, um sinal de que todos ali estão compreendendo a necessidade de aprendizado para se aproximar dos espíritos mais desenvolvidos para futuramente deixar de pedir auxílio e então começar a ajudar quem ainda está um pouco atrasado na trilha da evolução.

Meu desejo será atendido. Tenho certeza disso.

Axé