Páginas

Pesquisar

Google Analytcis

29 de out. de 2013

Umbanda: o legado moral dos negros e índios no Brasil


Olá irmãos umbandistas, como vão? Primeiramente eu gostaria de pedir desculpas pela falta de textos nestas últimas semanas, a questão é que eu escrevo aqui com base em inspirações diárias e para tanto eu preciso de um certo nível de quietude na alma e paz interior. algo que me escapuliu recentemente, mas acredito estar regressando.

Em uma de nossas últimas interações no Facebook, semanas atrás, eu pedi a opinião de vocês sobre o próximo texto e nosso irmão Leandro Panosso sugeriu que a conversa fosse sobre a herança cultural que nossos antepassados escravos e índios nos deixaram. Achei o tema formidável e fui pesquisar um pouco, mas a maioria dos achados já estavam presentes em minha memória e vida de forma muito cândida, muito apaziguada, como, por exemplo, a culinária, expressões linguísticas, costumes e superstições. O problema é que a gente acaba se esquecendo - ou sequer se preocupa em saber - de onde veio tudo isso e qual o custo dessa herança.

Parem para pensar um pouquinho. Se imaginem aí em suas casas, tranquilos numa bela tarde com a família quando, de repente, um bando de seres de cor estranha, língua desconhecida e roupas jamais vistas invadem sua vida, violentam suas mulheres, te prendem e te tiram o que mais lhe importa: sua liberdade, seu lar, sua pátria e família. Como você se sentiria ao perder tudo isso? E ao ver seus semelhantes morrerem nos fundos fétidos de um navio negreiro, hein? O que passaria em sua mente ao ter que jogar os corpos de sua família, morta há dias, no mar?

Revolta, não é?

Isso porque nem citei as humilhações passadas em terra firme, as barbáries que nossos ancestrais tiveram de enfrentar. Imagine este ciclo se repetindo durante séculos.

Mais revolta? Eu sei.

E depois da Lei Áurea veio a liberdade, mas a segregação continuou e perdura até hoje. Todos sabemos disso. e com os índios foi a mesma história também.

A Umbanda nasceu negra e índia. Mas como uma religião tão linda e pacífica como a nossa poderia nascer a partir de povos tão sofredores e que, segundo a nossa lógica humana, se tornaram tão revoltados?

A Umbanda, neste contexto, é a melhor resposta à minha pesquisa e à indagação do nosso leitor: o maior patrimônio que os negros nos deixaram não foi a culinária ou quaisquer outros costumes, foram seus ensinamentos, seu legado moral. O ensinamento de que por mais que sejamos castigados, humilhados ou dizimados, devemos nos erguer e continuar nossa luta pelo bem maio da vida terrena e eterna. Aprender não somente com nossos erros, mas também a não repetir as falhas alheias, pois não é porque fomos açoitados um dia que iremos açoitar o próximo.

O legado moral é e sempre será o nosso maior presente às gerações futuras, portanto questionem-se sempre por quais atos vocês querem ser lembrados e quais atitudes suas vocês desejariam ver seus filhos replicando.

Foi para isso que a Umbanda surgiu, para que os negros e índios nos mostrassem qual postura tomar diante de quem os açoitou: o perdão.

Então pratiquem sempre o bem e sejam felizes com a felicidade do próximo.

P.S.: vejam essas fotos do final da escravatura no Brasil http://bit.ly/1aEMXto 

2 de out. de 2013

Por que a cabeça do umbandista é sagrada?

"Cada cabeça com a sua sentença", o Ori é sagrado!

Olá irmãos umbandistas, como vão?

Em nosso último texto, citei os principais erros que levam o namoro entre irmãos de santo à ruína. Dentre os tópicos, mencionei o colocar a mão na coroa do médium e um irmão nos pediu nos comentários para que falássemos mais sobre isso fora do contexto amoroso. Então mãos à obra!

Por que a cabeça é tão sensível e importante para o umbandista?

A cabeça é sagrada não só para o umbandista, mas sim para a maioria das crenças que conheço. Alguns exemplos: 

  • O sétimo e principal Xakra, o Sahasrara é situado no topo centralizado de nossas cabeças. Segundo a tradição indiana, é através dele que recebemos a iluminação divina, o Sahasrara é também responsável por regular toda a nossa energia. Seu mantra é o Aum que nos remete ao sânscrito Aum-Bandhã que é relacionado às origens da umbanda. Clique aqui e saiba mais;
  • Judeus e muçulmanos cobrem suas cabeças em sinal de respeito;
  • O mesmo vale para os católicos, de forma mais aguda os Franciscanos que raspam o topo de suas cabeças.
  • No Candomblé a cabeça dos filhos de santo recebem sempre atenção especial em todos os rituais;
  • A cabeça é símbolo de conhecimento, de comando, de aprendizado e elevação do pensamento, de aproximação com a  Inteligência Suprema, em outras palavras, Deus.
Voltando à Umbanda, Orixá significa Energia de Cabeça (falei mais sobre isso aqui), mais um ponto que confirma o sacramento da coroa (cabeça, ori) do filho de santo. Como a umbanda tem essa característica de contemplar qualidades de várias religiões, todos os argumentos acima são válidos também para a nossa liturgia.

Por que não devemos deixar as pessoas tocarem nossa cabeça?

Por representar o ponto de contato entre a gente e o astral, o ori deve ser preservado, evitando-se que quaisquer pessoas não autorizadas o toquem. quando digo quaisquer pessoas, eu falo sobre todas elas, independentemente de sua religião ou intenção.

Da mesma maneira que recebemos energias por nossa coroa, emanamos por nossas mãos ou objetos que empunhamos, além do fato de sermos um subproduto de nossas intenções, ou seja, emanamos energias íntimas, produzidas de acordo com nosso estado de espírito, por esse motivo se alguém ficar muito tempo tocando nossas cabeças há o grande risco do choque de energias, o que nos desestabiliza emocional,espiritual e até fisicamente.

É por isso que eu, enquanto Pai de Santo, evito ao máximo o gesto de erguer a mão sobre o ori de um filho, porque durante a gira estamos de coroa aberta para receber as vibrações dos orixás e é só da energia deles que o médium precisa, não a de outro encarnado.

Há momentos em que a intervenção do dirigente se faz necessário, pois o médium pode estar sofrendo de algum bloqueio, contudo julgo mais saudável que ele aprenda a vencer essas dificuldades sob uma supervisão mais distanciada. Médiuns mais maduros nascem assim.

Gostaram do texto? Concordam? Discordam? Deixem suas opiniões nos comentários!

Axé.