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28 de mai. de 2013

Somos obrigados a tomar passe?

Foto: Yuri Araújo
Olá amigos umbandistas, como estão?

Semana passada a gente falou sobre a ingerência dos Guias e nossa vida e como ela vai diminuindo com o tempo. Hoje o nosso foco continuará no âmbito das consultas, ou melhor, na real necessidade de tê-las. Uma leitora me perguntou o seguinte no Facebook do Ser Umbandista:

Eu sou obrigado a tomar passe toda vez que eu for em um terreiro?

A resposta é... NÃO! Você não é obrigado a tomar passe toda vez que vai ao terreiro. É recomendado, mas ninguém pode lhe obrigar a nada nos templos de Umbanda, tudo deve ser espontâneo. Tanto o que parte de você para o templo quanto o que vem da gira para seus membros e visitantes.

Claro que há terreiros que possuem uma postura mais impositiva quanto ao passe, certa vez visitei um - casa muito boa e de muita firmeza, que fique claro - em que o próprio pai de santo pegava os visitantes pela mão e encaminhava aos Orixás para o passe e consulta, contudo mesmo nesses casos a pessoa pode se reservar ao direito de ficar em seu lugar, apenas observando os trabalhos.

Você pode se perguntar "Mas Pai, os passes e consultas não são essenciais para equilibrar as energias da pessoa e ajudá-la a corrigir suas falhas ou alcançar seus objetivos?". Sim, mas é necessário que a pessoa queira receber esta ajuda, que ela se sinta a vontade para conversar com as entidades, pois somente com o coração aberto é possível tratar de forma mais profunda as doenças espirituais. Caso contrário o passe e consulta serão inúteis, perda de tempo para todos os envolvidos.

Além do mais, a partir do momento em que a pessoa entra no terreiro ela já está em constante troca de energias com a corrente mediúnica, Orixás, demais visitantes, Guardiões, Mentores etc. Vale lembrar que a incorporação e passe são apenas duas das inúmeras formas de troca de energias e comunicação entre os planos físico e espiritual.

Resumindo: irmãos, ao entrarem no terreiro, sintam-se livres para cantar, bater palmas, sorrir, mandar vibrações e recebê-las, tomar passes e consultas ou não. Para nós do corpo mediúnico, o importante é você sair melhor do que entrou.

Axé.

21 de mai. de 2013

Os Guias ainda sabem o que se passa comigo?

Foto: Yuri Araújo


Olá irmãos umbandistas, como vão?

O texto de hoje - e provavelmente o próximo também - é baseado nos questionamentos de uma irmã que me enviou uma mensagem em nossa página do Facebook. Então sintam-se lives para nos enviar suas perguntas também!

Talvez tenha acontecido com vocês ou com algum conhecido o seguinte:

"Na primeira vez que fui no terreiro, o Guia me falou tudo sobre a minha vida. Tudo o que eu passei e o que eu ainda sofro. Mas agora eles são tão breves, parecem que não sabem mais o que acontece comigo."

Acho que já falei sobre isso algumas vezes, mas vamos reafirmar o conceito: a Umbanda não existe para realizar as coias para você. Muito pelo contrário, fazemos parte de uma religião que se propões a te ajudar a se conhecer e conquistar aquilo que você merece. Todos concordam? Então vamos prosseguir.

Este excesso de revelações iniciais se dão, a grosso modo, para "quebrar o gelo" da pessoa, para mostrar que a casa e o Orixá são confiáveis, que nós realmente estamos olhando por vocês e que partilhamos de seu sofrimento. É pirotecnia, eu sei. Mas ainda é muito necessária nos dias de hoje, não tanto quanto foi décadas atrás, contudo ainda precisa ser utilizada em alguns casos. Por que é necessária? Porque ainda existe preconceito contra a nossa religião (principalmente entre os umbandistas, o que me enoja) e as pessoas vão muito ressabiadas, com medo de encontrarem charlatões. Por isso as revelações.

Foto: Yuri Araújo
Conforme o tempo passa e as pessoas já estão mais integradas aos fundamentos umbandistas e mais conscientes de suas capacidades, não há mais necessidade de ficar retornando ao passado, brincando de adivinhações e mostrando poder sobrenatural. Afinal elas tomaram passes, comungaram de nosso axé e aprenderam coisas boas diretamente da boca dos Guias e estão cada vez mais aptas a mudarem suas vidas e seguirem seus caminhos espalhando as mensagens que aprenderam dentro do terreiro. Se tornaram umbandistas.

É por isso que no começo os Guias falam mais do que escutam e depois de um tempo eles mais ouvem do que qualquer outra coisa. Quanto você menos espera, já está colocando em prática o que aprendeu.

Agora, se é sua intenção chegar toda vez no terreiro, na hora do passe, e dizer "O que você tem para me dizer hoje?", me desculpe, pois você está perdendo o seu tempo. Como me disse certa vez o Sr. Marabô: "Quer respostas? Então saiba perguntar."

O tema do próximo texto será exatamente sobre a necessidade de tomar consultas.

Axé!

13 de mai. de 2013

O retrato de uma era


Olá povo de Umbanda, como estão? Espero que tenham aproveitado o dia das mães, porque eu aproveitei (minha mãe é aquela senhora de óculos e sorriso no rosto, a segunda pessoa da esquerda para a direita).

Esta foto acima é o motivo de eu escrever o texto de hoje, ela foi feita minutos antes de iniciarmos a nossa festa de ciganos. Eu estava estava apertando o couro do atabaque quando vi a movimentação das pessoas, todos contentes sob a energia cigana e decidi reunir a turma para um retrato de família. Não apenas porque ficaria bonito, mas porque aquele era um retrato de uma era em nosso terreiro.

Me lembrei de uma foto antiga (que já não tenho mais, infelizmente), de um tempo que nosso templo tinha muito mais que o triplo das pessoas de hoje, naquela foto as pessoas mal cabiam na imagem. Eramos outra casa em um outro tempo, lidando com energias diferentes das de hoje e com pessoas igualmente distintas das que frequentam a nossa casa atualmente.

É incrível como as coisas mudam com o passar dos anos. Podem mudar radicalmente até com o passar das horas! Quem acompanha o Ser Umbandista sabe que eu co-dirijo um templo de Umbanda e estou liderando a casa há mais de 2 anos, o que me surpreende é que nesse período os trabalhos adquiriram uma formatação que caminha lado a lado com aquilo que eu acredito ser a filosofia umbandista mais aplicável para o contexto atual de nossa sociedade: racional, questionadora, livre de preconceitos ou dogmas, enxuta em questão de rituais, acolhedora e simples acima de tudo, contudo sem negar suas raízes.

Esta é uma visão MINHA e que diverge - de maneira saudável, claro - em vários pontos da visão de minha própria mãe de santo. E o curioso é que nas giras que ela ocasionalmente comanda é possível notar a diferença no ar, no axé que circula, no comportamento das pessoas e Orixás, na duração dos trabalhos e nas linhas presentes. Nas vezes em que ela chega no meio dos trabalhos dá para sentir isso em questão de minutos, quando eu digo a ela "A gira é sua, por favor assuma", eu posso sentir essas mudanças em questão de segundos, de momentos.

Várias casas podem coexistir em um único templo, pois tudo depende da união de pessoas e Orixás, daquilo que pensamos sobre a religião a qual nos dedicamos, dos campos onde nossos guias atuam, do amor que geramos. E o melhor de tudo é que independentemente dos rumos que desejamos dar às nossas casas, a caridade está sempre sendo feita.

Então desfrutem!